Falar de racismo e descriminação e objectar contra é algo que qualquer pessoa decente faz. Nessa atitude politicamente correcta nem sequer pensamos quanto nós próprios temos o preconceito enraizado!
Uma jornalista francesa disfarçou-se convincentemente em negra e, como negra encarou a procura de emprego (deixou cv e a esperança de ser chamada); de casa para alugar (sempre que dava o nome, o apart já estava alugado, finalmente sim, com a recomendação de não hospedar toda a "tribo"); conhecer homens num bar(devidamente acompanhada de uma sister mas nem um se aproximou!). Voltou como branca a fazer o mesmo percurso; ofereceram-lhe o emprego, alugaram-lhe a casa, fez vários amigos no bar. Em contrapartida, como negra entrou sem problemas na discoteca de blacks mais hot de Paris, onde imediatamente encontrou par, enquanto os brancos eram recusados.
Contudo, o que mais me chocou foram 2 pequenas histórias: como negra foi tratada por “tu” num café e como empregada doméstica em sua própria casa, enquanto a sua amiga branca era a suposta patroa. Isto significa que a descriminação está sempre lá, talvez sublimada, talvez inconsciente, talvez disfarçada, mas está! Como deve magoar e humilhar!
Isto fez-me cogitar…se na altura “certa” também eu não deixaria extravasar algum destes comportamentos.
Reportagem integral in “Marie Claire”, edição francesa, Janeiro de 2007.