Diz-se que a justiça é cega porque deve ser imparcial, no entanto às vezes acho que é mesmo cega e surda na verdadeira acepção das palavras! Senão, como seria possível explicar que um juiz decida entregar uma criança de 5 anos a um relutante pai biológico? Que durante esses 5 anos a criança tenha sido criada por um casal que cuidou dela e a amou como seus verdadeiros pais? E que apenas aguardavam a conclusão do processo de adopção? Os “pais” de Esmeralda não foram ouvidos nem achados para a decisão do juiz e evidentemente o interesse da criança também não teve peso algum na decisão do magistrado. Aparentemente o factor biológico está acima de tudo.
Penso que para os magistrados seja muito mais fácil recorrer à sentença na base do código jurídico, pois assim é mais rápido e seguro porque se protegem invocando as leis; mas, e o bom senso, não entra nas decisões? Se o que interessa for mais um caso resolvido e não a aplicação da justiça, não, não entra!
Portanto, quando ouvi dizer que os pais de Esmeralda a teriam de entregar ao pai biológico, eu senti a dor daqueles pais e desabafei dizendo: - Como é que eles vão conseguir fazer isso? Eu não conseguiria!
E eles não conseguiram! Mãe e filha desapareceram para parte incerta e o pai foi julgado e condenado a 6 anos de prisão. Oxalá a nossa justiça fosse assim tão célere e dura em todos os casos, sobretudo naqueles mediáticos que envolvem figuras públicas.
“Parir é dor, criar é amor”, diz o ditado popular, e o pai biológico não pariu nem criou! Reclama a filha porque sim, porque se a amasse concluiria que retirar Esmeralda aos pais que a criaram a iria, sobretudo, magoar a ela mesma. A minha solidariedade vai para aqueles que amam e defendem as crianças.