quarta-feira, 24 de julho de 2013

A intimidade constrói-se desde o berço

"Não há forma de ser uma mãe perfeita... mas um milhão para ser uma boa mãe", via
Tive uma conversa com uma senhora minha conhecida que não me sai da cabeça. Por alto, ela contava-me os problemas ( vicissitudes da vida derivadas desta crise) do filho, dos quais só tem conhecimento através do marido. O filho está com ela quase diariamente, mas conversa apenas trivialidades; não lhe conta nada de verdadeiramente pessoal.  Não confidência, nem pede conselhos.

Intimamente senti-me chocada,  e até triste, com tudo isto. 

Esta senhora trabalhou sempre fora de casa, e dedicou-se muito ao trabalho, era realmente uma parte extremamente importante da sua vida. Não sei se seria mesmo a mais importante. Consequentemente, perdeu uma série de coisas da vida dos filhos. E receio bem, que tenha perdido a oportunidade de criar vínculos de proximidade com eles.

Eu acredito que a intimidade que construímos com os nossos filhos acontece desde que nascem, de forma contínua e intensa. Quanto mais tempo lhes dedicarmos, quanta mais atenção e cuidados, maior  há-de ser a nossa proximidade. Ou seja, o tempo é proporcional à relação que desenvolvemos com eles.

Não sou nada adepta do famoso "tempo de qualidade". Para mim, esse conceito é falso e serve apenas para aplacar consciências pesadas. O tempo que passamos com os nossos filhos é reflexo da realidade; umas vezes estamos mais focados e temos mais disponiblidade para os ouvirmos e interagirmos com eles, outras vezes estamos mais ocupados com outras tarefas. E temos que nos dividir. Nada de dramático!

Porém, não estar nunca...quando começam a andar, a dizer as primeiras palavras, a chorar porque cairam,  a adormecer, a construir o primeiro puzle, a fazer os T.P.C's, etc, o vínculo não poderá desenvolver-se de forma sólida, e de confiança. Esses rituais são fundamentais para solidificar a relação pais/filhos. E o tempo ideal para tal é a infância.

Muitos pais não sabem o que os filhos fazem, com quem andam, o que sentem, o que os faz rir e chorar, e só se apercebem disso tarde demais. Queixam-se da adolescência como se o problema fosse esse, mas não é; o problema está lá atrás. Não foram íntimos antes, porque esperam essa intimidade depois?

Eu acredito que serei uma daquelas mães-amigas. A quem os filhos recorrerão para ouvir um conselho, desabafar algum problema, ou simplesmente pedir colinho.
Sinto o coração apertado só de pensar que poderia ter falhado na construção da intimidade que tenho com os meus filhos, e que isso estaria irremediávelmente perdido. Porque o tempo passou e há oportunidades que não se repetem.



Recordo-me, claramente, de observar o Duarte, bebé de dias, no berço a dormir, e pensar: "Nada desta vida é garantido; tenho que aproveitar ao máximo o tempo que temos juntos". Foi uma espécie de epifania, que me definou, totalmente, enquanto mãe.

Até breve!