"Não há forma de ser uma mãe perfeita... mas um milhão para ser uma boa mãe", via |
Intimamente senti-me chocada, e até triste, com tudo isto.
Esta senhora trabalhou sempre fora de casa, e dedicou-se muito ao trabalho, era realmente uma parte extremamente importante da sua vida. Não sei se seria mesmo a mais importante. Consequentemente, perdeu uma série de coisas da vida dos filhos. E receio bem, que tenha perdido a oportunidade de criar vínculos de proximidade com eles.
Eu acredito que a intimidade que construímos com os nossos filhos acontece desde que nascem, de forma contínua e intensa. Quanto mais tempo lhes dedicarmos, quanta mais atenção e cuidados, maior há-de ser a nossa proximidade. Ou seja, o tempo é proporcional à relação que desenvolvemos com eles.
Não sou nada adepta do famoso "tempo de qualidade". Para mim, esse conceito é falso e serve apenas para aplacar consciências pesadas. O tempo que passamos com os nossos filhos é reflexo da realidade; umas vezes estamos mais focados e temos mais disponiblidade para os ouvirmos e interagirmos com eles, outras vezes estamos mais ocupados com outras tarefas. E temos que nos dividir. Nada de dramático!
Porém, não estar nunca...quando começam a andar, a dizer as primeiras palavras, a chorar porque cairam, a adormecer, a construir o primeiro puzle, a fazer os T.P.C's, etc, o vínculo não poderá desenvolver-se de forma sólida, e de confiança. Esses rituais são fundamentais para solidificar a relação pais/filhos. E o tempo ideal para tal é a infância.
Muitos pais não sabem o que os filhos fazem, com quem andam, o que sentem, o que os faz rir e chorar, e só se apercebem disso tarde demais. Queixam-se da adolescência como se o problema fosse esse, mas não é; o problema está lá atrás. Não foram íntimos antes, porque esperam essa intimidade depois?
Eu acredito que serei uma daquelas mães-amigas. A quem os filhos recorrerão para ouvir um conselho, desabafar algum problema, ou simplesmente pedir colinho.
Sinto o coração apertado só de pensar que poderia ter falhado na construção da intimidade que tenho com os meus filhos, e que isso estaria irremediávelmente perdido. Porque o tempo passou e há oportunidades que não se repetem.
Recordo-me, claramente, de observar o Duarte, bebé de dias, no berço a dormir, e pensar: "Nada desta vida é garantido; tenho que aproveitar ao máximo o tempo que temos juntos". Foi uma espécie de epifania, que me definou, totalmente, enquanto mãe.
Até breve!