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Talvez porque o meu pai usou chapéu e boné durante toda a vida, e eu o tenha visto a descobrir a cabeça, assim que entrava fosse onde fosse; a noção do que é certo, do que é bem educado, do saber estar em sítios diferentes é-me cara. E gosto de a acalentar, apesar de sentir que está cada vez mais fora de moda.
Vi na televisão a notícia de um homem, que foi convidado a sair do Banco, após se recusar a tirar o capuz. Ele estava acompanhado pelos pais, pessoas idosas, e pela irmã. Segundo ele, isso bastaria para provar que não estava ali para assaltar o Banco. E que as funcionárias não foram capazes de lhe explicar porque deveria retirar o capuz.
Parte-se do principio que existe um certo preconceito perante determinadas imagens; que os assaltantes também podem usar blazer, e usam frequentemente, portanto, o capuz na cabeça não indica necessariamente que seja alguém com intenções ilicitas.
Contudo, será que se existisse um estudo sobre o vestuário dos delinquentes, não seria muito mais frequente um tipo de roupa, que vem de encontro ao nosso imaginário? Ao tal capuz na cabeça, por exemplo? Creio bem que sim, que essa ideia que nos é comum tem um fundamento explicável, porque faz parte da realidade.
Portanto, com o aumento da criminalidade, cobrir o rosto, ou cabeça, sobretudo em determinados locais, pode ser realmente entendido como um gesto provocador, ou ameaçador.
Basicamente, é má-educação e falta de compreensão, e espanta-me bastante que um homem adulto tenha necessidade que as funcionárias do Banco lhe expliquem porque deve retirar o capuz.
Nada semelhante, a um outro caso, divulgado na tv, há alguns meses, onde um cliente de certo Banco foi convidado a sair por vestir roupa de trabalho. O senhor era sucateiro, e tinha por isso o fato-macaco muito sujo. Inaceitável, a meu ver.
Por vezes, parece-me que a falta de bom senso se generalizou a um ponto absurdo. Ao ponto de tornar-se notícia o mais elementar das coisas básicas da vida.