Via |
Quem terão sido eles?
" 1 de junho de 1586
Sempre disseste "Amor, vivamos juntos até que o nosso cabelo fique branco e possamos morrer no mesmo dia". Como pudeste morrer sem mim? Quem vamos ouvir, o meu pequeno e eu e como devemos viver? Como pudeste afastar-te de mim?
Lembras como o teu coração morava em mim e como eu habitava o teu? E eu Dizia-te sempre "Amor, haverá alguém que se ame como nós? Realmente como nós?" Como pudeste deixar-me assim, depois de tudo?
É que não posso viver sem ti. Quero ir contigo. Por favor, leva-me para onde quer que estejas. Meu Coração, os meus sentimentos por ti são a última coisa que poderei esquecer deste mundo. Em meu coração dilacerado só há uma dor sem limites. Só consigo perguntar-me: Como poderei viver com a criança se nos faltas, pensando em ti, sem forças para acalmar-me?
Por favor, responde-me a todas estas perguntas. Lê esta carta e responde-me com todos os detalhes nos meus sonhos quando puderes. Esta foi a razão para ter escrito esta carta e enterrá-la contigo. Oxalá possa escutar a tua voz suavemente nos meus sonhos. Olhá-a atentamente e fala comigo. Um dia disseste-me que querias dizer algo ao menino quando viesse ao mundo, mas partiste tão repentinamente que quando der à luz o menino a quem chamará pai?
Poderá alguém imaginar como me sinto? Não há tragédia igual debaixo do céu.
Tu está apenas noutro sítio, e não em tão profunda tristeza como eu. Não há limite nem fim ao meu sofrimento e eu mal consigo escrever. Não há limite ao que quero dizer e páro por aqui. "