terça-feira, 9 de maio de 2023

Dias de mãe

Se me perguntarem qual foi a coisa mais importante que fiz na vida, direi sem hesitar que foi ser mãe.
Era o Duarte bebé de poucos meses, quando um dia debruçada sobre ele, o observava no berço enquanto dormia, e de repente me vem aquele pensamento, de pureza cristalina: Desfruta dele todos os dias, não sabemos quanto tempo temos. Não o entendi como mau-agouro, mas alerta para que a infância do meu filho não me escapasse sem que me apercebesse. Como acontece a tantas mães, e como tantas vezes as ouvi suspirando, tarde demais. 
Mantive-me fiel àquela espécie de epifania, e por ela guiei a minha vida. Dei-lhe aquela reviravolta invulgar, de largar o trabalho e me concentrar na família, a criar os meus filhos, a fazer deles a minha prioridade. A aprender a ser altruísta, aprender sobre educação, sobre mim, sobre as crianças. A querer melhorar, a ter noção de que pode ler-se amplamente sobre os temas mas a experiência de cada um é diferente, e não há fórmulas únicas, temos que improvisar e adaptar, e que porém, em tudo isso só há uma constante sólida que unifica tudo e lhe dá sentido, o amor.
 
A responsabilidade de cuidar dos filhos, alimentando-os, lavando-os, curando-os, para que cresçam saudáveis e fortes e mais além, ensinando-lhes sobre a vida, os valores que nos guiam, dando espaço para que a personalidade de cada um cresça e se manifeste com confiança, ajudando-os a desenvolver carácter próprio para que reivindiquem o seu lugar no mundo.

Ver os filhos a escolher caminho, a fazer opções, a afastarem-se em direcção a vidas próprias, e ficar bem com isso, é outra aprendizagem. Por muitos anos a vida da mãe se entrelaça e confunde com a vida dos filhos.
 
Não sei se algum dia o trabalho de uma mãe estará terminado, se algum dia deixaremos de velar sobre eles. Desconfio que não, e como acredito nas almas que animam estes corpos também credito que isso não tem propriamente importância, estamos enredados por laços etéreos para toda a eternidade. 
Estou cada vez mais convicta de que não há tempo nem distância, apenas o amor conta.