segunda-feira, 22 de maio de 2023

E agora, que área profissional escolher?

Uma mãe contava-me como o filho tinha desistido, pela segunda vez, do curso superior que tinha escolhido, quando para ela era evidente, que nem o primeiro nem o segundo se adequavam ao filho. Era claro que o perfil dele se encaixava mais no Desporto e ignorava porque ele insistia em algo tão oposto como os números. O filho continua perdido, ainda sem saber exactamente que rumo seguir. 

Noutro caso, o pai insistiu com a filha para que estudasse Medicina, já que tendo uma média tão alta, seria uma "pena" desperdiçá-la em Matemática, como ela queria. Está quase a terminar o curso, porém a alto custo, uma ansiedade que lhe provoca vómitos na época de exames, e nem a parte social ameniza os seus dias, não se encaixa em grupos, nem sequer amizades verdadeiras fez, em cinco anos. Continua a sonhar com os números, acreditando que seria mais feliz. 

São exemplos reais, diametralmente opostos, um peca pela omissão, o outro pela intromissão. E ambos pela falha na comunicação. Mas a minha simpatia vai, muito sinceramente, para o segundo caso; não é nada fácil para os filhos oporem-se a pais autoritários, enfrentar discussões, sabendo que serão certas, quando vão discordar dos progenitores, e aguentar com as consequenciais. 

Já de uma mãe que não consegue sentar-se, e ter uma conversa frontal com um filho, expondo-lhe o seu raciocínio, de forma estruturada e tranquila, o que poderei dizer? Que falhou, muito provavelmente, na forma como instituiu a comunicação com ele desde sempre? Porque realmente é isso mesmo que me parece. Por isso tenho falado regularmente aqui na importância da comunicação entre pais e filhos. Não é algo que se faz da noite para o dia. Mas que se corrige a qualquer momento.  

O ideal seria que o diálogo fosse construído desde o início, com base na verdade e frontalidade, não esconder nada, "se tem maturidade para perguntar, tem para ouvir a resposta". E diariamente acompanhar a vida dos filhos; regularmente devem os pais certificar-se que as escolhas feitas pelos filhos estão assentes no bom-senso e ponderação, tendo papel nas mesmas, assegurando-se de que estão a fazer o seu dever, sem receio de se pronunciarem e questionarem, é desse modo que se dialoga. 

Numa altura em que o ano lectivo termina e escolhas começam a ser pensadas e feitas, é preciso reflexão e intervenção também dos pais, para que possam auxiliar, e guiar, os filhos nas suas escolhas. Tendo presente também que é da vida deles que se trata. Ouvir mais, nesta altura, considerar, mas também opinar, de maneira tranquila e com respeito - é o futuro do filho ou filha, nada de projecções! Eles não vieram para cumprir expectativas dos pais, vieram para viver as vidas deles.