segunda-feira, 8 de maio de 2023

Funerais

A minha mãe raramente ia a funerais, era o meu pai que habitualmente ia, por ele, ou em representação da família, mas depois da morte do meu pai, passou a ir a todos os funerais que aconteciam. Parecia que semanalmente havia um, era pelo menos a impressão que tínhamos, pelos comentários dela. Tentávamos dissuadi-la, achávamos que ela mal conhecia as pessoas que morriam, pelo menos a maior parte, mas ela justificava-se, de todas as vezes. 

Parece,viemos a saber mais tarde, que chorava sempre. Para nós aquilo era muito despropositado, não compreendíamos. De repente deixou de ir, nem ao de pessoas próximas, dizia que não conseguia. Nunca mais foi. Como se tivesse andado a fazer uma cura, e catarse feita, voltou ao molde original.