terça-feira, 5 de abril de 2022

O artista e as pessoas

No dia seguinte estas "action figures" estavam prontas! 

Nos últimos dias a estalada que Will Smith deu ao apresentador (cujo nome ignoro e por isso me referirei a ele sempre por apresentador) dos Óscares, supostamente em defesa da mulher, tem estado por todo o lado nas redes sociais; há coisas das quais não consigo escapar, mesmo não vendo televisão, foi o caso. Não me interessa Hollywood, não me interessam as vidas dos famosos, nem estas episódios patéticos, mas interessa-me bastante observar como reagem as pessoas a estas coisas. 

Mais uma vez, as pessoas dividiram-se; uns em defesa de Will Smith, sim senhora, foi defender a sua dama, até os humoristas nacionais se afanicaram em defesa dos limites no humor, e a alopécia de Mrs Smith não é para brincar; outras ficaram do lado do apresentador, que é o que o humor faz, pega em coisas sérias e faz rir, e que a violência nunca é a resposta, etc. , etc. .  E no meio disto tudo eu só via incongruências!
 
Para começar, os cépticos dos media levaram, de imediato, esta notícia totalmente a sério! Depois, os que defendem os limites para o humor, fartam-se de os ultrapassar, mas logo surgiu quem lembrasse os excessos de um certo humorista a propósito da mulher do então 1º ministro, Passos Coelho, em consequência do tratamento de quimio, que fazia na época. Limites sim, mas só para os outros, está visto. 
Já os adeptos do pacifismo, intercalavam essa posição com outra antagónica, o apelo à NATO e C.E. para intervir na Ucrânia, contra os russos, e suponho que não fosse para lhes pôr cravos na boca das armas! 
Por fim, as românticas, seduzidas pelo espírito do cavaleiro-andante, "quem não quereria ter um homem assim para a defender?!", diziam embebecidas. Eu por acaso não queria, que sou mesmo pacifista, e detesto ver pessoas a partir para a violência. Em Hollywood ou na guerra, seja onde for. 

E por falar em Hollywood! Como é possível alguém levar a sério o que se passa na meca do cinema?! Hello?! Ali tudo é falso, manipulado. Quatro horas antes dos Óscares, o casal Smith fez um vídeo a dizer que iam "arranjar problemas". Depois é só juntar os pontos: Quem patrocinou a gala? A Pfizer. O que esteve no centro da polémica? A alopécia de Jada Smith; quem anunciou no dia seguinte que já tinha um tratamento com bons resultados para essa doença? A Pfizer. Bum! Bum! É aquela coisa: não há má publicidade, disse um génio do marketing. 

Há também quem tenha outra teoria, também válida, convenhamos que isto até pode ter sido um caso de win-win; que a cerimónia dos Óscares estava a cair em popularidade, com audiências muito baixas, e que esta cena que se queria viral iria revitalizar o moribundo. Pode ser.
 
O caso é que esta história da carochinha foi uma distracção, outras coisas estão a acontecer no mundo mais graves, em simultâneo, mas as pessoas estão com a atenção dirigida para o entretenimento, esgrimindo argumentos sérios, com o fervor das grandes causas. 
Sinceramente, o que interessa isto para a nossa felicidade?!