quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Boa-educação

Espantou-me a quantidade de pessoas a comentar um post no FB que elogiava o castigo físico para filhos ( Quando as mães criavam homens, não florzinhas de estufa") sendo a favor. Um dos argumentos mais recorrentes  era "eu também levei e estou aqui", ou " e fez-me bem" e ainda, "apanhar é mesmo o que faz falta a esta juventude mal educada".

O que eu gostava de saber, sobre estas pessoas que levaram e estão "bem" é se a relação com os pais também está bem, se é pacífica, amorosa e próxima, porque duvido. E se nesse estar "bem", estão incluídas depressões, passadas e presentes, tiques nervosos e fobias, por exemplo. 

Talvez o que faça falta a esta juventude mal educada seja amor, será que eles já pensaram nisso? Ou acompanhamento, ou até presença dos progenitores. Já pensaram nisso? 

Sendo certo que a tendência é repetir o padrão familiar, calculo que quase todos estes que apanharam e acham o resultado benéfico, tenham  aplicado a mesma fórmula aos próprios filhos, o que me faz questionar ainda: e a relação com os vossos filhos, também é boa?!  

Àqueles que levaram porrada e agora fazem diferente com os filhos, muitos parabéns, superaram-se e eles mesmos, aprenderam com a lição vivida na própria pele, fazendo agora diferente, e melhor. Porque os limites na educação dos filhos não são ensinado à força da estalada e pontapé, mas através da comunicação; não há nada que as crianças não compreendam quando devidamente explicado, e dentro do bom senso, claro, porque as crianças têm um sentido de justiça extraordinário. Podem não gostar de ouvir um "não" ( quem gosta?) mas compreendendo-o vão inevitavelmente aceitá-lo. Podem amuar, mas passa rápido. É o tempo de digerir a negação e frustração, também necessários.

Deixa-los, depressa retornam ao seu normal, sem traumas nem distanciamentos entre filhos e pais.