segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Férias em Budapeste



E já faz 1 mês que estivemos de férias em Budapeste, sem que eu partilhe aqui a experiência. As fotos eram o motivo, tinha que as descarregar e estarem repartidas entre a máquina fotográfica e o telemóvel só complicava, pelo que vou somente publicar as da máquina, para finalmente deixar este registo. 


Budapeste estava na minha lista já há alguns anos, mas depois do meu amigo Marijan ter feito um comentário sobre os húngaros, acho que perdi a pressa. Ele tinha razão, constatei agora. Porém, era um destino que entre 5 pessoas gerou consenso. Foi também programado em cima do joelho, porque eu queria viajar nas condições habituais de conforto e liberdade, e viajar com um pano na cara para mim seria extremamente difícil. De forma que foi perfeito, tudo como dantes.
 
Alugamos um apartamento no centro de Budapeste, em Peste, a parte mais turística da cidade bi-partida pelo rio Danúbio, quase em frente à Roda Gigante, de onde se podia visitar o que de melhor a capital da Hungria tem, caminhando. Um prédio antigo, de luxo no seu tempo, com apartamentos reduzidos, muito provavelmente na era comunista. Habitado por nacionais, como eu gosto.
 
Na primeira manhã, levantamo-nos bem cedo e fomos ao supermercado mais próximo comprar tudo o que era necessário para o pequeno-almoço, e logo pelo trajecto, o que mais nos chocou foi a quantidade de sem-abrigos. Nunca me consegui habituar a essa realidade, e a não os ver. Estava tudo muito sujo, os passeios, as esplanadas, as mesas e cadeiras. A primeira impressão, olhando para baixo, não foi positiva, mas bastava levantar o olhar e ver aqueles prédios burgueses do séc.XIX para nos deslumbrarmos!
 
No primeiro dia caminhamos cerca de 20 kms! Uma loucura, eu sei, suponho que a nossa ânsia de viagens estava ao rubro, com vontade de descobrir uma cidade nova, depois acalmamos, porque ninguém aguenta o ritmo, e andamos bastante de metro e autocarro, os transportes públicos são aliás bastante económicos e frequentes, assim como os táxis. Visitamos apenas o exterior, caminhamos ao longo do Danúbio, tiramos fotos, sentamo-nos a admirar a paisagem, a trocar impressões, um pouco à aventura, para sentirmos o pulso da cidade. 

Nos dias seguintes fizemos as visitas aos locais da praxe: 
1º O Parlamento ( Top!)
2º Basílica de Santo Estêvão (belíssima, a minha 2ª visita favorita) 
3º Palácio Gresham
4º Ópera
5ª Castelo Buda
6º Ilha Margarida 
7º Praça dos Heróis
8º Ponte da Liberdade
9º Bastião dos Pescadores
10º Grande Sinagoga Central e bairro judeu
11º Castelo Vajdahunyad e Parque da Cidade
12º Mercado Central de Budapeste 
13º Casa da Música (que a Letícia adorou pelo projecto arquitectónico)
14º Museu de Belas Artes
15º Memorial dos Sapatos
16º Bares decadentes (sugestão da Letícia, muito interessante e diferente)
17º Citadela na Colina Gellert ( panorâmica) 
18º Metro que vai da Vörösmaty tér ao Parque da Cidade Városliget, pela estação antiga fim séc.XIX, que reclamam a mais antiga do mundo. 

Não fizemos um cruzeiro no Danúbio porque perdemos o horário no dia pretendido, e foi sendo adiado, mas creio valer muito a pena. A visita às Termas também é muito indicada mas não foi de todo do nosso interesse. 

Parlamento Húngaro

De todos os locais, o Parlamento húngaro foi o meu preferido, uma verdadeira obra-prima, vimos o render da guarda à coroa, mas infelizmente perdemos a explicação de tudo, dado que aquela era uma visita para russos, a única que tinha ainda disponibilidade para a nossa semana. Portanto, comprar bilhetes online com uma certa antecedência parece-me um bom conselho. 
Não éramos os únicos forasteiros entre os russos, outras nacionalidade se tinham juntado, muito provavelmente devido à mesma razão. 

O húngaro é uma língua absolutamente incompreensível, mas quase todos falam inglês, pelo menos as gerações mais novas. Achei a geração mais velha bastante fechada, certamente ainda ferida pelo regime comunista.
No geral, a população não prima pela simpatia, mas são correctos.
É uma cidade com uma intensa vida nocturna, todos os dias da semana, com uma população muito jovem, imensos estrangeiros (não fazia ideia que fosse destino tão popular entre eles), mas também nacionais.  
 
Muitos dos belíssimos edifícios estão ainda em mau estado, a necessitarem renovação urgente, a negligência dos "camaradas" relativamente aos símbolos da burguesia é outra das heranças negativas. Porém, dá para entender porque Budapeste é também apelidada como A Paris do Leste. 

Realmente, fazer as refeições todas fora não é mesmo para nós, depois de 2 dias já só desejávamos uma simples sopa! Na falta de varinha mágica, cortei os legumes e tofu em quadradinhos, cozi com algumas massinhas, e acompanhamos com fatias de pão francês torrado com azeite, e um copo de vinho húngaro (que mais parecia refresco...), e soube-nos como um banquete. 
A restauração não é propriamente económica, assim como os produtos no supermercado. Peixe fresco não existe, pouco congelado, e a carne muito cara, a minha irmã pagou 20€ por 2 bifes para o meu sobrinho. Mas vinha um embrulho que parecia um presente, lá isso era! 
Ficamos com a impressão de que o custo de vida para os húngaros deveria ser um desafio, sendo o vencimento mínimo cerca de 540€. 

Francamente, uma semana para Budapeste é excessivo, um fim-de-semana prolongado basta. Portanto, aproveitamos e demos um salto a Viena, a Letícia, obviamente, já não se lembrava de nada, uma viagem de cerca de 2 horas que se fez bem, sair muito cedo e voltar no ultimo comboio, que saiu de lá pelas 22h, deu perfeitamente para visitar O Belvedere Palace e o Schoenbrunn Palace, e ainda deambular pelo centro da capital austríaca. Para nosso espanto, lá ainda usavam máscara nos transportes públicos, segundo me disse um jovem, com toda a razão: "era uma estupidez, porque em mais nenhum lado é requerido". 
A diferença entre os dois países é notória, um mais rico, mais limpo, mais cosmopolita.

Para nossa surpresa, em Budapeste também fazem uns espectáculos de rua aos domingos, com palco montado, ao estilo de qualquer coisa como "bom dia Portugal" ou lá o que é, só que em vez dos insuportáveis "pimbas", apresentam cantores de ópera e músicos à séria! O público cantava e dançava também, animados, via-se que são admiradores genuínos da boa música. Nesse sentido, um povo muito bem educado, e com melhor gosto do que o nosso. Delicioso de ver e ouvir!

No computo geral, gostamos imenso destes dias de férias, sem dúvida de que regressamos mentalmente revigorados e inspirados.

Recolhemos a informação para a visita em blogues de viagens, pessoalmente, gosto muito do VagaMundos