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A propósito de um comentário que li de alguém que dizia não conseguir gostar de gatos, fiquei a pensar que, de facto, existe na sociedade uma corrente que descredibiliza gatos e promove cães; repetem uma série de clichés, "os cães são os leais amigos", os "gatos são interesseiros", "os cães até voltam a lamber a mão de quem os agride", "os gatos arranham quem lhes quer fazer festas"; "os cães amam os donos", "os gatos amam a casa que lhes dá abrigo e comida", etc. . E isso leva, frequentemente, as pessoas a assumirem um partido dizendo o famoso "eu sou uma pessoa de cães" ou "sou uma pessoa de gatos", coisa que na minha percepção é absurda por não compreender como uma pode excluir a outra.
Eu gosto de ambos, embora tenha tido apenas gatos, de momento temos 3, houve porém uma época em que tivemos 4. Eu queria ter tantos? Não, mas eles, simplesmente, foram abandonados e foram parecendo aqui, no jardim de casa, a entrar pela porta adentro, literalmente!
Cada gato tem a sua personalidade, e mesmo dentro da raça, cada um tem algo que o distingue, todavia reconhecem quem os trata bem, fogem instintivamente de algumas pessoas e aproximam-se facilmente de outras ( eu acho fascinante observar isso com quem entra cá em casa); e também são companheiros, por exemplo, assim que eu começo a trabalhar no jardim eles aparecem, nem sei exactamente de onde, e quase se colam a mim, e no interior de casa se eu ando de um lado para o outro, entre rés-do-chão e primeiro andar seguem-me igualmente; se eu ficar sentada no sofá, como estou agora a escrever este texto na defesa destes felinos tão especiais, estão à minha volta. Já notei, que desde o final de Novembro, quando sofremos uma enorme perda familiar, eles ficaram muito mais caseiros, e acompanham-me muito mais.
Há quem reclame de que os gatos estragam cortinas e sofás, ao arranhá-los, porém isso também é uma aprendizagem para eles, os nossos já sabem que não podem fazer nada dessas coisas, nem podem dormir nas camas, ou andar por cima de mesas e móveis, sim, eles têm a capacidade de aprender tudo isso! Os limites estão onde nós os colocamos.
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Além disso, esta disputa entre cães e gatos existe muito mais entre as pessoas do que entre eles, pois tenho conhecido imensos casos de pessoas que têm ambos e são os melhores amigos, dormindo juntos, brincando juntos, comendo do mesmo prato. Isto é só outra questão em que nos dividem, causando prejuízo aos gatos. São criaturas muito inteligentes, divertidas e audazes. E além disso, muito independentes, e até solitários, buscam os seus companheiros de vida mas também apreciam os momentos e sós, não se inibindo de mostrar desagrado quando alguém os força ao que não querem no momento. Têm personalidades fortes. Ao observá-los aprendo imenso com eles; assim que a chuva pára e o sol quente se manifesta, eles deitam-se no jardim ao sol, não ficam na tijoleira ou granito, mas na terra, estão a fazer a enraizamento, enquanto recebem os raios solares. São muito descontraídos, caminham habitualmente com a lentidão e elegância de quem não tem stresses horários ( e não têm!) mas a qualquer altura correm uns atrás dos outros, exercitam-se impecavelmente; após as sestas que promovem ao longo do dia não saltam de imediato, esticam-se como fazendo yoga!
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Hoje a minha mãe ficou perplexa, no final do almoço, o Niko que ainda não tinha comido, veio tocar-me delicadamente no braço com duas pancadinhas, olhou-me directamente nos olhos, e saiu da sala mas antes ainda olhou para trás, para confirmar se eu o seguia, e depois parou em frente do seu prato. Ele faz isto constantemente. Os animais não falam mas comunicam muitíssimo bem.
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Há quem diga que são animais místicos, com poderes de limpeza de energia, e protecção, aliás os antigos egípcios veneravam-nos, e quem os maltratasse era severamente punido. Porque seria?!
A vida é tão mais divertida e amorosa com os gatos. É realmente uma honra partilharmos o nosso espaço com eles, portanto se não tem, aconselho que pondere, que reflicta bem e adopte, comprar nunca! Os abrigos estão lotados de gatos à espera de alguém que os acolha; e outra coisa, não escolha, permita ser escolhida, o gato certo irá ter consigo. Essa é a primeira lição, no que se trata de gatos, talvez a da humildade, a da aceitação. E é só o início de uma série de aprendizagens e maravilhamentos.