Estava eu no atelier de Cerâmica e entrou uma mãe com a filha, de 6 anos, e duas amigas desta para uma aula única, como actividade de férias. Inicialmente muito tímidas, a conversarem aos cochichos, foram-se soltando com o tempo, até passarem para um certo descontrolo, que muito enervou a mãe. No espaço exíguo e de evidente proximidade, tive obrigatoriamente de ouvir a conversa, entre mãe e meninas, e mais adiante, com a mãe e outra aluna do atelier; apesar daquilo ser uma actividade lúdica, a mãe falou bastante da Escola, fazendo perguntas sobre o comportamento e resultados das amigas, enquanto se dirigia à filha: - Vês? Estás a ouvir?
Pelos vistos, tanto o comportamento como os resultados da filha não são do agrado da mãe, e obviamente eu ignoro toda a situação para a avaliar, só achei o local e participantes errados para ter aquele tipo de conversa com, e sobre a filha, para mais estando ela presente.
Outra frase que a mãe disse à filha, repetidamente: M.L.,continua a trabalhar! Se aquela actividade pretendia ser divertida, e creio que estando em férias lectivas, criar uma objecto, no caso uma taça para os cereais, devia ser, mas não sei se foi, porque desde o objecto escolhido até às cores utilizadas, a mãe opinou e orientou, passou apenas a ser um "trabalho".
Nas férias de Natal vi expostas as árvores de Natal que um grupo do ATL fez, e delirei com a criatividade deles, cada uma diferente, algumas bem tortas, desequilibradas, a tombar, e algumas com os objectos mais inusitados como decoração. Tenho visto lá criações muito bonitas, e perfeitas, mas aquelas árvores... estavam espectaculares! Duvido muito que se os pais estivessem presentes o resultado fosse aquele. Quero dizer, seria desastroso, em comparação.
Um atelier deste tipo proporciona momentos de liberdade criativa, e deve ser descontraído, uma experiência agradável e quiçá, uma revelação. Porém, a atitude de pais controladores e competitivos, trespassa a Escola, e atinge o Desporto, a Música, e outras actividades que deveriam ser lúdicas, pese embora, pedagógicas. Desenvolvendo as crianças, por eles, o mesmo sentimento que têm pela Escola. É tudo obrigatoriedade, avaliação, esforço. Que pena.