quinta-feira, 8 de julho de 2010
Os nossos medos são só nossos
Educar uma criança é como escrever numa folha em branco; muitas vezes com a firmeza da tinta, outras vezes com hesitante lápis de carvão, para poder apagar e reescrever. Muitas vezes, sem escrever sequer, mas deixando expresso através da marca indelével de esferográfica, que escreveu noutro papel. No nosso papel.
Frequentemente nem nos apercebemos que estamos a moldar as crianças à nossa imagem; com os medos, por exemplo, é assim. Com os nossos medos.
Vejo que isso acontece com os amiguinhos dos meus filhos, aqueles que frequentam a nossa casa e vivem amedrontados com o nosso terrível e enormemente monstruoso…gato de 4 meses!
Como eu fui criada numa casa onde havia cão, gato, galinhas, patos, coelhos, rolas e sabe-se lá que mais, os animais domésticos e de estimação para mim sempre fizeram parte integrante do cenário e porque não, dize-lo, até da família.
Isso fez com que eu falasse sobre os animais, aos meus filhos de forma carinhosa e positiva, o que lhes imprimiu um sentimento de receptividade, mesmo não tendo qualquer animal em casa. Muitas vezes tive que lhes conter o ímpeto de se aproximarem e fazerem festas a cães desconhecidos, até que eles entenderam que de facto se deveriam acautelar e manter as distâncias por precaução. Mas olhando para eles observava-lhes aquela expressão de quem faz festinhas de longe, tipo... telepaticamente!
Por isso eles quiseram ter animais de estimação; pediram e insistiram.
Com as crianças que acontece o contrário, que desconfiam dos animais, se retraem e dizem inclusivamente que não gostam deste e daquele animal, acontece o oposto. Estão a reproduzir um pensamento, um comportamento que lhes foi incutido, de forma consciente ou inconsciente, pelo pai ou mãe.
Eu fico sempre muito céptica a respeito de alguém que me diz não gostar de gatos, ou cães. Se me diz que gosta de pássaros em gaiolas, então…nem vou falar!
Não sei, mas parece-me que o Mundo seria muito mais bonito e pacífico se ensinássemos as crianças a gostarem e respeitarem os animais. Além disso, não me parece nada bom, para os nossos filhos, que os condicionemos com os nossos medos.
Então, vamos ter mais cuidado com as impressões que deixamos em folhas brancas, ok?!
Até breve!