Eu sempre pensei que fosse até os filhos entrarem na maioridade; não que a partir dos 18 anos os pais se escusem dos seus deveres, tal como proporcionar condições para que os filhos estudem até se formarem, mas que a partir daí os filhos assumam, legal e moralmente, os seus deveres e responsabilidades.
Porém, desde que li esta notícia no Mail online, tenho estado a debater-me com a possibilidade da responsabilidade parental ser eterna. Ou seja, até ao fim dos dias dos pais. Assustador, não?
Tudo porque segundo Charlie Taylor, o czar comportamental do governo inglês ( seja lá que diabos isso for!), criticou os lares com diálogo quase inexistente, onde os pais falham nos seus deveres mais básicos como proporcionar refeições, impor hora de dormir e exigir cumprimento de regras, ensinando entre o certo e o errado. Essas crianças terminam deambulando pelas ruas, por volta dos dez anos e terão sido elas, já jovens adultos, os personagens dos motins que Londres viveu no verão passado.
De queixo caído? Também eu.
Com certeza que as crianças oriundas de famílias desestruturadas, onde não existem regras, nem amor, e a indiferença é a emoção mais presente, não poderão ser bons alunos; não há motivação, não há interesse, nem supervisão. Por conseguinte, acabam por abandonar a escola, ou pior, acabam por ser expulsos da escola!
E o que resta a estas crianças? A rua. E os gangues que as governam, onde eles serão aceites. E Deus sabe como estas crianças, estes jovens, necessitam de pertencer a algum sítio. Encontrar alguém com quem se identificar.
Pena é que seja no lado oposto ao devido, ao correcto. Mas nunca ninguém lhes ensinou a diferença, pois não?!
Será então de espantar que estes jovens enveredem por caminhos ilícitos, tornando-se criminosos? Não, ninguém se espanta, creio eu.
Enquanto o senhor Taylor responsabiliza os pais, o antigo ministro da educação, o senhor Lammy, pede o regresso das lei disciplinadoras vitorianas, que permitem aos pais usar castigos corporais. Segundo ele, os pais já não são soberanos nos seus próprios lares. E eu pergunto, a culpa é de quem ? No meu lar, ainda sou soberana.
Tenho a impressão que muitos destes jovens, provenientes de famílias desestruturadas, desconhecem todas- ou quase todas- formas de afecto, mas não os castigos físicos. Estou convencida que muita desta ira foi gerada exatamente por esses castigos corporais; frequentemente castigos aleatórios, injustos e desproporcionados.
Que pena que entre um e outro, não haja alguém mais compreensivo, que consiga abarcar a situação no seu todo, sem chegar a extremos na sua solução.
Certo. Há muitos pais que nunca deveriam ter tido filhos. Ou porque eles próprios já não tiveram modelos exemplares com quem aprender, ou porque simplesmente não têm capacidade para exercer a parentalidade responsável. O que vai a sociedade exigir a estes pais? levá-los a tribunal e sentenciá-los com penas de prisão? A indemnizações? Ou esterilizá-los compulsivamente?
Parece-me que cada individuo é responsável por si. E sendo adulto e maior de idade a responsabilidade é unicamente sua. E ainda que os pais tenham falhado a ensinar-lhes as regras mais básicas para que sejam cidadãos decentes, eles sabem distinguir entre o certo e o errado. Porque no fundo, a opção é sempre de cada um.
Até breve!