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Tinha muita curiosidade em conhecer melhor a figura de Filipa de Lencastre, nascida Lancaster, a mãe da ínclita geração, que mudou a história de Portugal, e do mundo, para sempre.
É um romance-histórico, o meu género preferido; passa-se no século XIV, entre Inglaterra e Portugal, embora também refira bastante a história espanhola. A personagem principal é Philipa of Lancaster, neta de rei inglês, Edward, e filha de John of Gaunt. Veio a casar-se com D. João I, mestre de Avis, de quem teve 8 filhos, um dos quais, D.Henrique, o navegador.
A história pessoal de D. Filipa entrelaça-se com a história dos países onde vive, e com as vidas que a rodeiam, como a do pai, do avô, e do marido, figuras de primeiro plano no cenário político de seus reinos.
Filipa foi uma mulher educada e instruída a um nível pouco comum, para a sua época, e amava o conhecimento de matérias pouco divulgadas, como a astronomia. Foi uma rainha amada, preocupada com os seus deveres para com o povo, uma mulher inteligente e interessante, uma esposa leal e amiga, e uma mãe amorosa.
Contudo, confesso que esperava mais do livro; pensei que Filipa tivesse influenciado mais a história de Portugal, não apenas a nível político, mas social e cultural. Ela realmente influenciou, porém esperava que o livro fosse mais concreto.
Faltaram mais detalhes na caracterização dos cenários, dos locais, e das personagens, para que pudesse ler e visualizar.
Mas, sobretudo o tipo de linguagem que a autora escolheu não me convenceu. Esperava uma linguagem mais formal, mais rebuscada para retratar a época; imaginar a duas irmãs Elisabeth e Philipa falando a respeito do mestre de Avis, e chamando-lhe "giro", é bastante forçado. Belo, formoso, seria mais adequado. E esse é apenas um exemplo.
Parece-me que, o tipo de linguagem que retrata a época é importante num romance histórico; caracteriza mais eficazmente o tempo, e ajuda o leitor a entrar nesse tempo- histórico, remetendo-nos para essa determinada época. Imagine o Mestre de Avis, a discutir com Filipa de Lencastre, a rainha:
- Ó, mulher! Deixa-te de exageros!
Ou então:
- Minha senhora, exagerais!
Qual parece mais aproximado à época e classe social? O segundo sem dúvida. E nem sequer é tão arcaico que se torne difícil decifrar!
Creio que foi uma opção estratégica da autora escrever num português actual, para chegar a mais leitores. E talvez tenha sido bem sucedida nesse sentido, porém, em termos de veracidade o livro fica a perder.
Garanto que há forma de manter um equilíbrio feliz entre a língua falada num determinado período do passado, e a fluidez da leitura. Tenho lido autores que o conseguem conciliar.
Posto isto, é uma leitura que aconselho.
Título: Filipa de Lencastre
Autor: Isabel Stilwell
Pág: 520
Editora: Esfera de Livros
Até breve!