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Estes dias estava eu a ouvir rádio no carro, quando foi notícia
um “reboliço” gerado no FB, devido às declarações de uma blogger de moda. Com
mais curiosidade fiquei quando no dia seguinte comecei a ler num blog, e noutro
sobre o assunto, e claro, a curiosidade levou-me a ver o vídeo.
Vídeo esse, divulgado por uma marca muito conhecida, que
entretanto, pressionada pela má publicidade, suspendera a visualização do mesmo.
Mas, uma vez na net, para sempre na net!
Para quem não viu, imagine uma rapariga com sotaque tão
afectado que se julgaria tratar de um boneco do Herman, para caricaturar uma tia
de Cascais. Convenhamos, uma pessoa a falar
assim na vida real, é bastante irritante.
Segundo; um dos desejos para 2013 da tal blogger era uma
carteira Chanel, que segundo ela, ia com tudo, e isso seria uma realização
pessoal. Realização pessoal? Ok, parece-me
excessivo.
Mas enfim, foi isto que desencadeou um ataque generalizado à
rapariga, um verdadeiro linchamento virtual.
Não é o caso da Chanel que eu pretendo focar, mas a posição
e comentários das pessoas; no entanto, para chegar à reacção das pessoas, tenho
que justificar o que penso acerca da ambicionada carteira.
É um facto que vivemos uma crise de que não há memória. A
grande maioria dos portugueses luta para encontrar um emprego e para conseguir pagar
as contas mais básicas.
Por conseguinte, desejar uma carteira que custa uma pequena
fortuna, é apenas uma miragem para muitos portugueses, parecendo-lhes a expressão
de pura futilidade.
Contudo, para compreendermos este caso acho que devemos analisar as situações por
graus; enquanto para uns a ambição é viver o dia-a-dia, e ter condições de
pagar renda, alimentação, etc, para outros (para quem estas coisas básicas
estão garantidas), a ambição expressa-se em supérfluos. Não terão direito? Penso
que sim.
Não é porque a maioria das pessoas seja obrigada a viver com
contenção, que todos os portugueses deverão viver dessa forma; quem tiver
condições de frequentar restaurantes, deve continuar a faze-lo, senão os restaurantes
fecharão, causando desemprego. Quem tiver condições de viajar, de fazer compras
supérfluas, de fazer festas, de comprar carros, etc, deve continuar a faze-lo.
A sociedade precisa que haja movimentação de capital.
Porque não podemos ter, o vizinho também não? A
solidariedade não se expressa com esse tipo de comportamento.
A sociedade portuguesa está tão revoltada, e crispada com
esta crise a que políticos que nos conduziram, a um estilo de vida a que já não
estávamos habituados, que na sua cegueira quer derrubar tudo e todos.
Sinceramente, achei chocante e muito preocupante, o tom dos
comentários que surgiram, do facto de uma rapariga desejar uma Chanel. A
brutalidade e violência, contidas nas palavras de condenação, a um desejo
pessoal não tem como justificativa a crise. Mas sim, a inveja. Não vale a pena mascarar a real intenção das pessoas. Foi inveja.
E achei imensamente triste, pois inveja e violência são extremamente corrosivas, não só para quem atinge, mas para quem as sente também.
Não gostei.
Tenha uma óptima semana!