Via Santa Nostalgia |
Lembro-me do Engº Sousa Veloso, e da frase imutável com que terminava cada episódio: -Despeço-me com amizade, até ao próximo programa!
Nessa altura, em que existia um programa dedicado aos agricultores, existia um mundo rural em consonância. Fazia parte do meu cenário; vivíamos rodeados de quintas, de campos verdes e produtivos, de videiras carregadas de uvas, e carros de bois, que passavam carregados de palha e outras coisas. E muitas famílias a trabalharem e a viverem do campo.
Recordo-me que a partir de determinada altura, os filhos dos agricultores começaram a procurar trabalho em fábricas.
E quem poderá censurá-los? O trabalho no campo é tão duro, sem pausas, sem horários, sem fins-de-semana e férias. E tão injustamente mal pago.
E pior, muito mal considerado pela sociedade.
À posteriori parece-me que foi um troca terrível.
Trocar a largueza dos campos, por quatro paredes. Os sons da natureza, pelo ruído repetitivos das máquinas. Os gestos livres, pelos movimentos monótonos que causam tendinites.
Todavia, quem poderá criticar esta troca?
Tenho imensas saudades desse tempo. Mas não foi por isso que gostei da ideia proposta na A.R. para a reposição do TV Rural; gostei porque a ideia primeira do programa - dignificar a agricultura e os agricultores, me parece muito justa e necessária.
Porque Portugal necessita desesperadamente dos agricultores; precisamos ser auto-suficientes e capazes de produzir os nossos alimentos.
Esta agenda, parece-me tão urgente e fundamental que me leva a acreditar que um programa de televisão, mesmo sendo, inicialmente apenas marketing, é um bónus tremendo, para mudar mentalidades.
Despeço-me com amizade, até ao próximo post!