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Li algures que apenas 4% de mulheres no
mundo se acham bonitas. A sério. E eu pergunto: Como é possível um absurdo destes?!
As mulheres aprenderam a
depreciar o seu físico. Vivemos numa cultura que não retrata, não vende, não
comunica com mulheres reais, mas sim com mulheres idealizadas. Por pessoas que visam unicamente uma coisa - lucro!
Estes dias, li que a marca de roupas H&M utiliza apenas o rosto dos manequins, o
corpo é digitalmente adaptado para melhor se adequar às roupas, de forma a assentarem
o mais perfeitamente possível. Vi recentemente uma imagem da Beyoncé para a mesma marca que não reconheci como a cantora; tinha sido de tal forma transformada que mais parecia a irmã anoréctica da Barbie! Quando na verdade esta mulher é apreciada pelas suas formas generosas.
E quando julgávamos nós, comuns mortais, que as
modelos tinham corpos perfeitos!
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Não o suficiente parece.
Até porque de quando em vez, imagens de modelos e actrizes, mundialmente
celebres pela beleza e perfeição, sem maquilhagem, sem Photoshop, são
publicadas, e nos mostram que aquelas belezas divinais são apenas… mulheres. Como as comuns mortais.
Acho fantástico que essas
imagens sejam divulgadas, para nos darem uma noção verdadeira de quanto é fabricada essa
perfeição. Contudo, podemos ver duas, três, meia dúzia de vezes fotos dessas
que continuamos a ver milhares de vezes as imagens perfeitas das mesmas
pessoas. Sem rugas, sem estrias, sem barriga. Narizes e bocas perfeitos. Tudo
no sítio. É digital? Completamente, mas que interessa se isso não é registado
pelo cérebro? Estamos formatadas a captar a imagem perfeita, e é somente isso
que permanece na nossa mente.
O segundo elemento para a
nossa auto-sabotagem é o confronto com o espelho. A imagem que vemos reflectida
não corresponde à imagética promovida pelas revistas, sites e cinema; elas
estão bem, nós é que estamos mal. Desajustadas, desenquadradas. Com peso a
mais, ou a menos. Demasiado baixas, ou demasiado altas. A pele sem brilho, os cabelos baços. Enfim, os problemas não param de se revelar, e conforme eles crescem, a nossa
auto-estima desce. O problema é-nos apontado pelo exterior e é também daí que
vem a solução.
Para suprir essa
necessidade de nos sentirmos bem na nossa pele, a oferta de cosméticos, dietas
milagrosas e cirurgias estéticas surgem como a solução única. Chamam-nos obesas
e feias, para nos levarem a consumir os seus produtos. A despender o nosso
dinheiro. E nem sempre o resultado se fica pelo rombo na carteira; infelizmente, os
distúrbios alimentares estão a tornar-se vulgares, levando muitas jovens e suas
famílias ao desespero. E mais grave, cada vez começa mais cedo, prova disso são as meninas de 5 e 6 anos que já falam em dietas, e fazem-nas! Não será já isso indiciador de que o conceito de beleza
promovido e divulgado pela cultura vigente, não tem nada de salutar? Muito pelo contrário?!
Eu não faço a apologia ao
excesso de peso, até porque é perigoso para a saúde e não traz bem-estar a quem
sofre com mais quilos do que deveria. Porém, acho que essa deveria ser a razão
primeira para quem deseja perder peso – uma questão de saúde. Apesar disso, o desespero
diminuiria. O processo seria mais tranquilo e por isso, muito provavelmente, os
métodos escolhidos seriam mais naturais. Dietas saudáveis e exercício, que
deveriam mostrar resultados ao fim de alguns meses. Mas não quando as dietas
milagrosas prometem resultados imediatos. E as cirurgias oferecem a opção do
“sem esforço”. É uma competição desleal e desigual, ainda para mais quando estamos
moldadas a pensar que essa mudança é vital, para a nossa felicidade.
Sabem que mais? O que é
vital para a nossa felicidade é aceitarmo-nos como somos. Urge desenvolver um
olhar crítico perante imagens de mulheres irreais e publicidades ilusórias. Desconstruirmos
essa ideia de que para sermos felizes temos que ser magras, perfeitas e jovens.
Esse conceito estereotipado da mulher bonita é falso! Tem sido manipulado e
produzido por agentes comerciais que nos querem dependentes das soluções deles.
A beleza é um conceito
demasiado pequeno para conter a fórmula da nossa felicidade. Para dizer o que
somos. Para ditar o nosso destino.
Apenas 4% das mulheres se
acha bonita?! A grande maioria das mulheres é bonita. Apenas o esqueceu, porque
pelo caminho a visão de si mesma tem-lhe sido sonegada e imposta uma outra.
Falsa. A da mulher irreal. Isto não tem nada que ver com beleza. E eu quase que
me atrevo a dizer que estes 4% de mulheres que se acham bonitas, nem sequer
correspondem a mulheres excepcionalmente belas, mas com uma elevada
auto-estima. É por estas e outras que se costuma dizer que a beleza vem de dentro para
fora.
"O seu corpo não tem nada de errado, a sociedade é que tem", Via |
Agora que começou o verão, a "loucura" da remodelação da imagem intensifica-se. Gostaria tanto que as mulheres apenas desfrutassem da praia, das roupas frescas e leves, sem se importarem com mais nada! E que fossem felizes!
Até breve.