terça-feira, 25 de junho de 2013

Porque as mulheres têm baixo autoconceito?


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Li algures que apenas 4% de mulheres no mundo se acham bonitas. A sério. E eu pergunto: Como é possível um absurdo destes?!

As mulheres aprenderam a depreciar o seu físico. Vivemos numa cultura que não retrata, não vende, não comunica com mulheres reais, mas sim com mulheres idealizadas. Por pessoas que visam unicamente uma coisa - lucro!
Estes dias, li que a marca de roupas H&M utiliza apenas o rosto dos manequins, o corpo é digitalmente adaptado para melhor se adequar às roupas, de forma a assentarem o mais perfeitamente possível. Vi recentemente uma imagem da Beyoncé para a mesma marca que não reconheci como a cantora; tinha sido de tal forma transformada que mais parecia a irmã anoréctica da Barbie! Quando na verdade esta mulher é apreciada pelas suas formas generosas.
E quando julgávamos nós, comuns mortais, que as modelos tinham corpos perfeitos! 

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Não o suficiente parece. Até porque de quando em vez, imagens de modelos e actrizes, mundialmente celebres pela beleza e perfeição, sem maquilhagem, sem Photoshop, são publicadas, e nos mostram que aquelas belezas divinais são apenas… mulheres. Como as comuns mortais.

Acho fantástico que essas imagens sejam divulgadas, para nos darem uma noção verdadeira de quanto é fabricada essa perfeição. Contudo, podemos ver duas, três, meia dúzia de vezes fotos dessas que continuamos a ver milhares de vezes as imagens perfeitas das mesmas pessoas. Sem rugas, sem estrias, sem barriga. Narizes e bocas perfeitos. Tudo no sítio. É digital? Completamente, mas que interessa se isso não é registado pelo cérebro? Estamos formatadas a captar a imagem perfeita, e é somente isso que permanece na nossa mente.

O segundo elemento para a nossa auto-sabotagem é o confronto com o espelho. A imagem que vemos reflectida não corresponde à imagética promovida pelas revistas, sites e cinema; elas estão bem, nós é que estamos mal. Desajustadas, desenquadradas. Com peso a mais, ou a menos. Demasiado baixas, ou demasiado altas. A pele sem brilho, os cabelos baços. Enfim, os problemas não param de se revelar, e conforme eles crescem, a nossa auto-estima desce. O problema é-nos apontado pelo exterior e é também daí que vem a solução.

Para suprir essa necessidade de nos sentirmos bem na nossa pele, a oferta de cosméticos, dietas milagrosas e cirurgias estéticas surgem como a solução única. Chamam-nos obesas e feias, para nos levarem a consumir os seus produtos. A despender o nosso dinheiro. E nem sempre o resultado se fica pelo rombo na carteira; infelizmente, os distúrbios alimentares estão a tornar-se vulgares, levando muitas jovens e suas famílias ao desespero. E mais grave, cada vez começa mais cedo, prova disso são as meninas de 5 e 6 anos que já falam em dietas, e fazem-nas! Não será já isso indiciador de que o conceito de beleza promovido e divulgado pela cultura vigente, não tem nada de salutar? Muito pelo contrário?!

Eu não faço a apologia ao excesso de peso, até porque é perigoso para a saúde e não traz bem-estar a quem sofre com mais quilos do que deveria. Porém, acho que essa deveria ser a razão primeira para quem deseja perder peso – uma questão de saúde. Apesar disso, o desespero diminuiria. O processo seria mais tranquilo e por isso, muito provavelmente, os métodos escolhidos seriam mais naturais. Dietas saudáveis e exercício, que deveriam mostrar resultados ao fim de alguns meses. Mas não quando as dietas milagrosas prometem resultados imediatos. E as cirurgias oferecem a opção do “sem esforço”. É uma competição desleal e desigual, ainda para mais quando estamos moldadas a pensar que essa mudança é vital, para a nossa felicidade.

Sabem que mais? O que é vital para a nossa felicidade é aceitarmo-nos como somos. Urge desenvolver um olhar crítico perante imagens de mulheres irreais e publicidades ilusórias. Desconstruirmos essa ideia de que para sermos felizes temos que ser magras, perfeitas e jovens. Esse conceito estereotipado da mulher bonita é falso! Tem sido manipulado e produzido por agentes comerciais que nos querem dependentes das soluções deles.
A beleza é um conceito demasiado pequeno para conter a fórmula da nossa felicidade. Para dizer o que somos. Para ditar o nosso destino.

Apenas 4% das mulheres se acha bonita?! A grande maioria das mulheres é bonita. Apenas o esqueceu, porque pelo caminho a visão de si mesma tem-lhe sido sonegada e imposta uma outra. Falsa. A da mulher irreal. Isto não tem nada que ver com beleza. E eu quase que me atrevo a dizer que estes 4% de mulheres que se acham bonitas, nem sequer correspondem a mulheres excepcionalmente belas, mas com uma elevada auto-estima. É por estas e outras que se costuma dizer que a beleza vem de dentro para fora. 

"O seu corpo não tem nada de errado, a sociedade é que tem", Via

Agora que começou o verão, a "loucura" da remodelação da imagem intensifica-se. Gostaria tanto que as mulheres apenas desfrutassem da praia, das roupas frescas e leves, sem se importarem com mais nada! E que fossem felizes! 

Até breve.