Via RTP |
Eu não faço nada o culto de personalidades, sempre distingui a pessoa do profissional, e por mais que este último me interesse, não conhecendo pessoalmente, não faço questão de saber detalhes. Essa é também a razão pela qual nunca me decepciono com certas figuras públicas quando o verniz lhes estala, publicamente, mas é que não sabendo nada deles também não os idealizo.
Porém, há personalidades cujas vidas valem mesmo a pena ser conhecidas, é o casa de Guilhermina Suggia; nascida no Porto, em 1885, mostrou-se desde pequena uma virtuosa do violoncelo, cujo talento excepcional era imediatamente reconhecido por todos os seus mestres, nomes soantes que faziam questão de a ter como aluna. Aclamada pelo público melómano, e críticos por toda a Europa, que a seguiam apaixonadamente, e cujos concertos eram lotados e disputados, sendo também, posteriormente, reverenciada pelos seus alunos, revelando-se uma mestra notável; a todos marcou pelo som inefável que produzia do violoncelo, todos unânimes em afirmar que o som da sua música era algo de inexplicável, nunca ouvido, parecia...vindo do céu!
Dá-me pena e uma certa inveja. Os discos não lhe fazem jus, diz quem ainda a ouviu tocar.
Foi a primeira mulher a fazer algumas coisas, de não pouca monta, mostrou-se aventureira, corajosa e audaciosa, causando uma profunda impressão por onde passava, fazendo amizades longas e profundas. Um ser humano muito completo e excepcional.
Recomendo muito o documentário da RTP, desta mulher magnífica, que merecia um Museu na terra onde nasceu e morreu, para que quem não a conheceu a conhecesse, e pudesse continuar a inspirar.
Por Augustus John |