segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quando damos a mão



Uma das minhas memórias mais antigas e felizes é de caminhar de mão dada, com o meu pai; sendo eu uma criança pequena, e ele um homem alto e ágil, de largas passadas, tornava-se difícil acompanhá-lo. No entanto, não me lembro que o meu pai abrandasse o ritmo, lembro-me sim, de dar pequenas corridas, entre dois passos apressados para o poder acompanhar.

Que lembrança tão inusitada, para que a retivesse na memória e a recordasse com saudade! Aqueles momentos eram só nossos, enquanto caminhávamos íamos conversando sobre assuntos que me interessavam, eu tagarelava e fazia perguntas sobre variados assuntos, e o meu pai, um homem normalmente calado, respondia-me animado.

Um momento tão prosaico e tão feliz!
Agora tenho-me lembrado mais dos tempos em que dava a mão ao meu pai, porque sou eu a dar a mão aos meus filhos e adoro igualmente esses momentos. Frequentemente caminhamos apressados para a escola, de mãos dadas – um de cada lado – mas sempre a conversar.
Seja à hora de almoço, seja ao fim da tarde, temos sempre assunto, porque eu pergunto como correu a manhã, ou tarde, e a conversa estende-se desde aí.

Faz-me uma imensa, negativa, impressão a quantidade de pais e avós, que vão buscar as crianças à escola, e que caminham dois passos, à frente, ou atrás dos mesmos; na maior parte dos casos não viram os filhos durante todo o dia, e ainda assim não há vontade, ou interesse, em conversar.
São estas pequenas coisas que criam cumplicidade e intimidade entre pais e filhos, e o diálogo entre uns e outros deve ser estimulado pelos adultos, desde a mais tenra idade. Sob pena de um dia os pais “acordarem” e não conhecerem de todo os filhos.

Eu sou do tipo de mãe que dá a mão. E você?

Tenha um óptima semana!