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Uma das minhas memórias mais antigas e felizes é de
caminhar de mão dada, com o meu pai; sendo eu uma criança pequena, e ele um
homem alto e ágil, de largas passadas, tornava-se difícil acompanhá-lo. No
entanto, não me lembro que o meu pai abrandasse o ritmo, lembro-me sim, de dar
pequenas corridas, entre dois passos apressados para o poder acompanhar.
Que lembrança tão inusitada, para que a retivesse na memória
e a recordasse com saudade! Aqueles momentos eram só nossos, enquanto caminhávamos
íamos conversando sobre assuntos que me interessavam, eu tagarelava e fazia
perguntas sobre variados assuntos, e o meu pai, um homem normalmente calado,
respondia-me animado.
Um momento tão prosaico e tão feliz!
Agora tenho-me lembrado mais dos tempos em que dava a mão
ao meu pai, porque sou eu a dar a mão aos meus filhos e adoro igualmente esses
momentos. Frequentemente caminhamos apressados para a escola, de mãos dadas –
um de cada lado – mas sempre a conversar.
Seja à hora de almoço, seja ao fim da tarde, temos sempre
assunto, porque eu pergunto como correu a manhã, ou tarde, e a conversa
estende-se desde aí.
Faz-me uma imensa, negativa, impressão a quantidade de pais
e avós, que vão buscar as crianças à escola, e que caminham dois passos, à
frente, ou atrás dos mesmos; na maior parte dos casos não viram os filhos
durante todo o dia, e ainda assim não há vontade, ou interesse, em conversar.
São estas pequenas coisas que criam cumplicidade e
intimidade entre pais e filhos, e o diálogo entre uns e outros deve ser
estimulado pelos adultos, desde a mais tenra idade. Sob pena de um dia os
pais “acordarem” e não conhecerem de todo os filhos.
Eu sou do tipo de mãe que dá a mão. E você?
Tenha um óptima semana!