(Imagem)
A
leitura d’O Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, que fiz ao entrar na idade
adulta, foi algo que me ficou no sistema. Marcou-me, profundamente, aquele Mundo futurístico,
que na época considerei somente uma excelente ficção científica.
Contudo,
tenho-me lembrado imenso do livro e constato que me equivoquei; afinal era um
livro profético. Aquele mundo do futuro, inventado e impossível, está cada vez
mais próximo do nosso mundo actual, tornado numa realidade possível.
A
categorização da sociedade em classes bem definidas vai sendo cada vez mais
notória e difícil de ultrapassar.
A negação
da velhice e de tudo o que esta traz com ela, é outra realidade, por um lado com
a subtracção dos velhos aos olhos da sociedade dominante, por outro com o
recurso à cirurgia no prolongamento da juventude.
A
alienação de tudo o que nos possa causar mal-estar é aceite e promovida, não
com a tal “soma*”, ainda, mas com outras drogas mais ou menos legais.
A
formatação do pensamento para o que é "a lei*", não é feita com gravações durante
o sono, mas sim enquanto estamos acordados, através dos programas televisivos,
e informação em geral.
Só
faltava mesmo uma coisa; que nós, mulheres, fiquemos persuadidas de que
engravidar e parir um filho é um acto imoral e animalesco, próprio de
infra-humanos e nos deixemos substituir por máquinas. Está longe, esse dia?
Está
aqui à porta!
Na falta
de incubadoras artificiais recorre-se às humanas, uma peça de transição,
quer por falta da parte tecnológica, quer pela mentalização e ideia propagandística.
Na linha da frente, estão actrizes como Sarah Jessica Parker e Nicole Kidman,
demasiado ocupadas com as carreiras, para fazerem pausas gestacionais. Que
dizer a respeito de Elton John, quando a capacidade biológica não está do lado dele? A única
saída viável.
Porém, a
ideia que estas pessoas estão a passar é a da menoridade do acto criativo
humano; a prioridade é trabalhar, ganhar dinheiro, ser famoso, defender um
corpo esbelto e perfeito, ao invés de parar, ou abrandar, para gerar um filho; como
se este acontecimento fosse de somenos importância. Acho essa ideia chocante e
degradante.
Quem não
entende a grandeza da capacidade geracional humana está muito longe da
divindade; quem não consegue compreender os enjoos, as cãibras, o aumento de
peso, as dores, a azia, e tudo o mais que uma gravidez proporciona, não
compreenderá nunca a alegria da maternidade.
Estou
totalmente convicta que aqueles que promovem e incitam a criação de vida
artificial são verdadeiros misóginos, disfarçados de homens do futuro, a expelirem da boca palavras
venenosas como “evolução”.
As "Beta*",
do Admirável Mundo Novo, são aquelas pessoas que recorrem a barrigas de aluguer;
e quem não tem possibilidade financeira para o fazer? São as habitantes de Malpaís.
Longe
esse dia? Está aqui à porta!
Triste,
não é? Triste, porque não há alegria comparável à da criação de vida.
Até breve!
* Para melhor compreensão das referências ao texto, aconselho a leitura do Livro de Aldous Huxley, uma leitura imperdível!