segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Quando a realidade se torna ficção!

 (Imagem)
A leitura d’O Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, que fiz ao entrar na idade adulta, foi algo que me ficou no sistema. Marcou-me, profundamente, aquele Mundo futurístico, que na época considerei somente uma excelente ficção científica.
Contudo, tenho-me lembrado imenso do livro e constato que me equivoquei; afinal era um livro profético. Aquele mundo do futuro, inventado e impossível, está cada vez mais próximo do nosso mundo actual, tornado numa realidade possível.
A categorização da sociedade em classes bem definidas vai sendo cada vez mais notória e difícil de ultrapassar.
A negação da velhice e de tudo o que esta traz com ela, é outra realidade, por um lado com a subtracção dos velhos aos olhos da sociedade dominante, por outro com o recurso à cirurgia no prolongamento da juventude.
A alienação de tudo o que nos possa causar mal-estar é aceite e promovida, não com a tal “soma*”, ainda, mas com outras drogas mais ou menos legais.
A formatação do pensamento para o que é "a lei*", não é feita com gravações durante o sono, mas sim enquanto estamos acordados, através dos programas televisivos, e informação em geral.

Só faltava mesmo uma coisa; que nós, mulheres, fiquemos persuadidas de que engravidar e parir um filho é um acto imoral e animalesco, próprio de infra-humanos e nos deixemos substituir por máquinas. Está longe, esse dia?
Está aqui à porta!

Na falta de incubadoras artificiais recorre-se às humanas, uma peça de transição, quer por falta da parte tecnológica, quer pela mentalização e ideia propagandística. Na linha da frente, estão actrizes como Sarah Jessica Parker e Nicole Kidman, demasiado ocupadas com as carreiras, para fazerem pausas gestacionais. Que dizer a respeito de Elton John, quando a capacidade biológica não está do lado dele? A única saída viável.

Porém, a ideia que estas pessoas estão a passar é a da menoridade do acto criativo humano; a prioridade é trabalhar, ganhar dinheiro, ser famoso, defender um corpo esbelto e perfeito, ao invés de parar, ou abrandar, para gerar um filho; como se este acontecimento fosse de somenos importância. Acho essa ideia chocante e degradante.

Quem não entende a grandeza da capacidade geracional humana está muito longe da divindade; quem não consegue compreender os enjoos, as cãibras, o aumento de peso, as dores, a azia, e tudo o mais que uma gravidez proporciona, não compreenderá nunca a alegria da maternidade.

Estou totalmente convicta que aqueles que promovem e incitam a criação de vida artificial são verdadeiros misóginos, disfarçados de homens do futuro, a expelirem da boca palavras venenosas como “evolução”.
As "Beta*", do Admirável Mundo Novo, são aquelas pessoas que recorrem a barrigas de aluguer; e quem não tem possibilidade financeira para o fazer? São as habitantes de Malpaís.

Longe esse dia? Está aqui à porta!
Triste, não é? Triste, porque não há alegria comparável à da criação de vida. 

Até breve!

* Para melhor compreensão das referências ao texto, aconselho a leitura do Livro de Aldous Huxley, uma leitura imperdível!