segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A criança que mente

Eu digo sempre a verdade aos meus filhos; estou convicta que os laços de confiança entre nós dependem dessas coisas, como diálogo e verdade. Nunca os deixei com outra pessoa, esgueirando-me silenciosamente, para evitar birras ( a que eu não assistiria, mas que quem fica assiste!); pelo contrário, nas raras vezes que tiveram que ficar com alguém, antecipadamente eu expliquei com quem, e porquê, e quanto tempo eu demoraria. E eles aceitaram; até poderiam não gostar, e chorar um pouquinho, mas saí sempre às claras, depois de me despedir deles.

Não concebo outra forma de lidar com as crianças. Todavia, os meus filhos tentaram dizer uma mentira, ou outra, numa altura que eu achei relativamente tarde, comparativamente com outras crianças, e eu pensei que  isso era muito natural. Foi mais uma forma de aprendizagem, uma manobra de crescimento, uma tentativa de se conhecerem, e aos outros.

Porém, nessas poucas ocasiões, eu detectava imediatamente a mentira; porque a ligação entre nós é tão grande, porque não há ninguém que os conheça melhor do que eu, que bastava observar-lhes a expressão, para os "apanhar", que imediatamente, eles se rendiam.

E nessa altura eu tenho moral, para lhes perguntar: - A mãe, mente-te? A mãe já te mentiu? Não, pois não? Confias na mãe, no que ela te diz, e te promete? Então, não achas justo que a mãe espere o mesmo de ti?

Garanto: Muito eficiente! 

Do meu estudo empírico, sobre crianças que mentem, concluo que mentem mais consistentemente, aquelas a quem os adultos mais mentem; é óbvio, as crianças aprendem com os exemplos. Porém, o mais grave, para mim, não é o sinal que se dá ao mentir a uma criança ( se o pai/mãe pode, eu também posso), mas sim a relação de confiança que se destrói. Será que mais adiante pode ser remediada? Não sei, mas não me parece aconselhável ir por aí.

Por muito que doa saber a verdade numa determinada ocasião, dói muito mais o momento em que a criança descobre que aquela pessoa em quem confia, a magoou, mentindo-lhe.

Por tudo isso, eu digo sempre a verdade: - Vou sair ( mas volto daqui a uma hora), a vacina dói (  mas vai prevenir-te muitas doenças), esta sopa não sabe muito bem ( mas tens que comer, pela tua saúde), etc, etc.
Eu acredito que as crianças compreendem tudo, ou quase tudo, e aceitam, quando há sinceridade e amor. Eu acho, e você?

Tenha uma óptima semana!