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Já nem me lembro de quantos livros li deste escritor, mas foram muitos, e marcantes. Alguns eu comprei, outros foram-me emprestados, outros requisitei na Biblioteca. Foi um dos autores que mais me marcou na juventude.
A demência, ou perda de memória, é algo que me atemoriza. É das piores coisas que pode acontecer ao ser humano. Pior do que a morte, pois é uma forma de morrer em vida. Como se a alma se esvaísse daquele corpo, e ficasse apenas um cérebro avariado, a comandar.
A comandar um corpo cansado que se recusa a dar tréguas, e continua a batalhar, sem sentido, sem objectivo, senão permanecer vivo.
Acabou a sintonia mente-corpo. Um está desfasado do outro.
Que coisa tão triste, perder as memórias da vida passada, apagar as pessoas queridas, os lugares e os dias. Esquecer o que aconteceu há pouco, o que deve fazer em seguida, perder a noção do certo e errado.
Que triste.
Agora no Gabriel Garcia Marquez...ele nunca mais vai escrever um livro. E sinceramente nem é isso que eu lamento, porque os livros dele são daqueles que merecem ser relidos. Mas não acho certo que ele mesmo não saiba que escreveu aqueles livros.
Não acho bem. Isto não deveria acontecer.
E pergunto-me de vez em quando - Por onde andará a alma, o pensamento, do Gabriel?
A escrever livros nalguma outra dimensão? Sim, porque eu acredito que seja onde for que ele está, deve estar a escrever livros...
Até breve!