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Hoje estou com este texto, a concurso na Papel D'arroz Editora. Há lá sonhos para todas as cores e feitios. Passem por lá!
Eu tenho um sonho
Eu não tenho um sonho. Tenho imensos sonhos. Diria até que não sei viver
sem sonhos. Como se estivesse permanentemente com um pé aqui, no mundo real, e
outro no mundo dos sonhos. E o equilíbrio é manifestamente perfeito, pois quando
levanto um pé, não aguento muito tempo ao pé-coxinho, tenho que voltar a
pousá-lo, e no mesmo sítio.
Dos meus diversos sonhos eu poderia escolher aqueles que ficam bem a toda a
gente, pedir a paz no mundo, por exemplo. Saber que vivemos num mundo com
diversos focos de guerra, onde a criminalidade está disseminada a ponto de
muitos países em suposta paz, sentirem que vivem num clima de guerra, é triste
e preocupante.
Poderia ser o fim da fome, também. É difícil aceitar que não nos faltando
nada do básico e tendo ainda muito do supérfluo, existam milhões de seres
humanos no mundo, que morrem de fome.
Ou a água potável. É o mínimo que podemos desejar a todos os seres humanos
deste planeta; que tenham acesso à água potável, e assim não contraiam doenças
que nós nem sabemos que existem.
Poderia ainda mencionar o meu sonho de liberdade; que todos fossem livres
de escolher a religião, o partido político, ou a quem amar. Independentemente
de género, ou raça.
Que todas as crianças tivessem direito a uma família que as amassem,
protegessem, e lhes proporcionassem os cuidados necessários, para se tornarem
adultos felizes.
Enfim, o meu sonho de uma vida digna para todos será certamente comum a
muitas outras pessoas, e por isso a empatia seria grande. Fica sempre bem
contar sonhos altruístas.
Ou talvez mencionar um sonho mais individual, que mesmo assim é comum e
generalizado: ganhar o euromilhões! Com esse poderia realizar uma série de
pequenos sonhos.
Há, porém, um sonho especial e grandioso que acalento secretamente; o de
desvendar a caixinha dos pirolitos…
Dizem os cientistas que nós utilizamos apenas 10% do nosso cérebro. Se
apenas com esta reduzida percentagem o homem já conseguiu tantas coisas
fantásticas, fez descobertas assombrosas e levou a humanidade a um nível que
ainda há pouco era pura ficção científica, imagine-se o que não poderíamos ser,
e fazer, com os restantes 90%!
Imagine dar um computador a alguém que não sabe como utilizá-lo, embora
saiba ler e escrever. Ainda que essa pessoa descubra como digitar um texto, e
inserir uma imagem, nunca conseguirá desfrutar de todas as capacidades daquela
máquina. É um desperdício, não é? Pois é isso que nós temos aqui dentro, na
nossa cabeça; uma máquina extremamente complexa, com um potencial que mal
conseguimos alcançar. Mas suspeitamos que será capaz de coisas prodigiosas. Só
não sabemos como fazer para abrir esses programas, nem o que eles fazem
exactamente.
Muito frustrante.
Apesar de matemáticos, cientistas, neurocientistas, antropólogos, psicólogos
e outros “ólogos” importantes, estudarem afincadamente o nosso cérebro, ele mantém-se
secreto e misterioso. Repleto de promessas, tão perto e tão inalcançável.
O meu sonho de conseguir conhecer verdadeiramente o meu cérebro, saber como
funciona, para que serve, além destas funções “básicas” que lhe conhecemos é o
maior de todos.
Não sei exactamente porquê, talvez a algum nível da minha mente suspeite,
que aí residem as respostas aos restantes sonhos da humanidade.