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Incomoda-me, talvez principalmente, porque tenho consciência de que dei muito mimo aos meus filhos.Aliás, ainda dou, embora cada vez menos, porque eles crescem.
Mas dei muita atenção, muito colo, muitos beijos e abraços, muitas festinhas no cabelo e no rosto. Muitas coceguinhas. Muitos desejos realizados, como ter panquecas para o pequeno-almoço, ou um determinado bolo a pedido.
E fiz isso muitas vezes mesmo estando cansada, com sono, com fome ou com pressa. Não é nada de extraordinário, muitas mães o fazem. Fiz tudo isto sabendo que um dia o meu colo seria desnecessário, os meus abraços talvez dispensáveis ( pelo menos em público!), as minhas comidinhas preteridas. Ou talvez não, quem sabe?!
Porém, dei educação. Ensinei a pedir por favor e a dizer obrigada, a cumprimentar as pessoas, mesmo quando não lhes apetecia, porque isso não é de apetites mas obrigatório. A controlar a telha, porque ninguém tem culpa se as coisas não lhes correm tal qual como querem. A manterem-se ao nosso lado, não nos obrigando a correr atrás deles pelas ruas. A acatarem um não quando pediam um brinquedo na loja, sem se atirarem para o chão a chorar baba e ranho.
Criei os filhos perfeitos, então? Não. E digo-o até com uma certa satisfação. Acho muito mais saudável que sejam assim, com as suas imperfeições e incoerências. De qualquer forma, o nosso trabalho enquanto pais não está terminado. Eles próprios farão uma parte nesse processo da educação, e o mundo ensinar-lhes-á o restante.
Mas entretanto, tiveram muito mimo, todo a que tiveram direito, e que lhes servirá de almofada para enfrentarem o que por aí vem.
Não, o mimo não é impeditivo de boa-educação, mas antes a base da mesma.