quinta-feira, 4 de junho de 2020

Prisioneiros sem Guardas

Se já antes, exprimir uma opinião contrária à de quem conversávamos tinha, podia ser complicado, por frequentemente ser entendido como "está contra mim", e não, "tem apenas uma opinião diferente da minha", agora, no que respeita toda esta história do vírus, passou a ofensa lesa-majestade.

O pânico é tão grande que a maioria das pessoas se ressente profundamente, com quem não vibra na mesma onda. E discursos razoáveis e tranquilizadores são como insultos para os seus ouvidos. Quanto mais, comportamentos e acções, opostas aos promovidos pela segurança absoluta nacional; passamos a inimigos, sem direito a defesa ou compreensão. O julgamento é público e sumário. E a pena aplicada sem perdão. 
E assim renasceu o espírito pidesco, que muitos julgavam desaparecido. A falta do espírito crítico, que nunca foi apanágio das massas, possibilitou cárcere invisível, que nem do controle governamental precisa para se fechar; entrincheirou-se por dentro, e atirou, pela guarita, as chaves lá para fora e longe, onde dificilmente alguém poderá chegar.