quarta-feira, 26 de junho de 2024

Notícias do Jardim

 


Em Junho o jardim está maravilhosamente perfumado, sobretudo pelas Coroas-de-rei, e Madressilva, que produzem um odor subtil e espantosamente agradável, fazer um perfume com esta combinação, não sei se já existirá, parece-me que seria um sucesso estrondoso. Só por respirar estes cheiros já fico feliz, cada vez que estou lá fora. Porém, há mais. 
O pé de Brincos-de-Princesa não pára de produzir flores, as hortênsias brancas estão com uma floração abundante, as hortênsias azuis com floração moderada, e a rosa tem somente 3 flores, o que comparativamente com o ano passado é um sucesso, já que tinha sido 0.

A roseira cor-de-fogo tem produzido botões non-stop, desde há 2 meses, e as dálias brancas, cujos tubérculos ficaram na terra durante o Inverno, e se adiantaram relativamente às outras, também tem tido uma floração espantosa. 

 

Os morangueiros têm sido produtivos q.b. e o framboeseiro também mas com imensas flores, pelo que antevejo produção abundante brevemente. A videira não tem tantos cachos como em 2023 mas estão mais saudáveis, de notar que não leva tratamento algum. E o jovem pé de maracujaleiro da bordadura também está carregado de frutos, ao contrário do que está no vaso, cujas flores caíram secas, embora sendo sempre regado, umas após outras, a terra faz toda a diferença. As abelhas apreciam, e eu adoro proporcionar-lhes este banquete. 


As saudades rosa têm também produzido flores em número razoável, mas de forma consistente, e por serem duradouras, são um elemento indispensável no jardim. Assim como os gerânios, produziram todo o Inverno, e continuam. 

Persisto na caça nocturna dos caracóis, que, quando me esqueço de lhes colocar as campânulas, em apenas uma noite conseguem devorar um pé promissor de dálias, e deixar apenas um caninho estéril, como provocação. Não me dão tréguas... mas faz parte, se não quero matá-los. E por isso, acabei de retirar as Hostas da terra, e transplantá-las em vasos, estavam a ser dizimadas, estão agora em recuperação. Queria tê-las na bordadura e vou tê-las, mas somente quando estiverem frondosas, e envasadas. Assim posso retirá-las à noite, para evitar esses ataques. Que trabalheira, não é?! Pois, quem jardina sabe que dá muito trabalho. Mas é tão compensador! 

Tenho feito arranjos florais para a mesa da sala de jantar e hall de entrada com as minhas flores, e isso causa-me uma satisfação tremenda, embora sempre que corte um pé de flor hesite, gosto tanto de as ver lá no jardim! Então, tento fazer cortes equilibrados para que tanto fora de casa como dentro haja beleza natural e cor. 

O nosso Jardim está tal qual um jardim Inglês, abundante, desordenado, algo selvagem e muito verde! Esta chuva copiosa tem resultado nisto, uma visão verdejante, um panorama fresco e vivo. Sinto-me tão feliz de cada vez que o contemplo, mesmo através da porta da sala, que magnífica visão!

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Quando as Pessoas se Revelam

Os filhos conhecem-se na velhice

Os irmãos nas heranças

Os amigos na adversidade

Os casais no divórcio 

quarta-feira, 19 de junho de 2024

O Controlo dos Pais🎬

 Apanhei parte do final de uma conversa entre duas mães, em que uma dizia quanto lhe tinha custado perceber que já não controlava os filhos, e a outra parecia compreender, abanando a cabeça de forma concordante. Isto, para mim, não faz qualquer sentido, a questão nunca foi controlar os filhos; pelo menos eu, nunca agi dessa forma, nem sequer me passou pela cabeça que a Educação passasse por aí. E acho péssimo. 

Quer dizer que os meus filhos foram descontrolados? Que faziam o que lhes dava na telha? Não, nada disso, como posso explicar... eu eduquei os meus filhos de forma respeitosa para com eles, percebendo-os como entidades próprias, com direito a personalidade única, e reconhecendo neles o direito de pensarem e agirem diferente. A minha principal postura foi guiá-los, ensinando-os pelo exemplo, o que é aceitável e não, e as consequências disso; levando-os a reflectir sobre as situações, e implicações das suas palavras e acções. 

Muito cedo percebi que isso do controlo é mais do que uma ilusão, é uma armadilha onde os pais sofrem por antagonismo, frustração, e engano, quando compreendem que os filhos os fintam com mentiras, meias-verdade e omissões, a fim de evitar o controlo parental. 

Como fui sempre muito directa e verdadeira com os meus filhos, espero isso também da parte deles, e eles sabem que estão em território seguro para o ser. 

Vejamos, nós não controlamos sequer a nossa vida, que fará a dos outros, sejam nossos filhos ou não?!

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Reflexão Lúcida sobre a Actualidade

Como combater a correcção política?


Este vídeo do Professor António Sousa Lara deveria ser transmitido por altifalantes por todas as terras e terrinhas de Portugal. Só verdades, bom-senso, ética e valores elevados que deveriam pautar a vida das pessoas de bem. Tudo muito bem explicado, discurso fluído e inteligente. Como seria útil que nas escolas se falasse assim! Teríamos pessoas com sentido crítico, menos fáceis de manipular, mais responsáveis, e mais livres, pois não consentiriam o que, impavidamente, consentem. Contra elas próprias. 
Não deixem de ouvir! 

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Dica de Leitura - The Light Years

 


Elizabeth Jane Howardnascida em 1923, é uma autora inglesa premiada, que se tornou mais conhecida após os cinco volumes de "The Cazalet Chronicles"; The Light Years é o primeiro.    

Durante dois meses no Verão, os três irmãos, Hugh, Edward e Rupert regressam à casa de família, no campo, com as suas mulheres e filhos. Encontram os seus fantásticos pais e Rachel, a irmã solteira, para desfrutarem dias memoráveis de praia, desportos, piqueniques, jogos de crianças, leitura e música. 

Hugh, traumatizado pela 1ª guerra mundial vive atemorizado com a perspectiva da segunda; Edward, dividido entre a mulher e a amante; e Rupert tentando conciliar a harmonia entre os filhos do primeiro casamento e a segunda jovem esposa, eternamente exigente e insatisfeita. Rachel divide-se entre a sua obra de caridade do coração, a sua família, e o seu amor não-assumido. 

Inicialmente, pensei estar perante a família perfeita, mas essas não existem nem sequer na Literatura, à medida que a narrativa aprofunda a vida de cada personagem revela as camadas mais obscuras, ou secretas de cada um, e por vezes para meu espanto, sai da cartola algo muito inesperado. Às peripécias dos adultos juntam-se as das crianças, não menos significativas, e muito mais divertidas. Adoro o humor inglês! 

Os temas tocados neste romance são diversos e muito interessantes, sobre a saúde, o parto de Sybil, descrito com pormenor, tanto ao nível das emoções como físico, a questão aberrante dos dentes de Villy que me doeu pessoalmente. A estética, da moda, das unhas por exemplo, já nessa época estilizadas, Angela usa as unhas pintadas em rosa pálido, mas a meia lua branca é preservada; a Educação, feita em casa por uma perceptora, em que por exemplo, para aprender os países europeus desenham os seus mapas; o bullying, quando Teddy se lembra de como no primeiro ano de internato o prenderam na banheira atado, com a banheira tapada, e a torneira aberta; aliás, o bullying feito por um dos pais, ao próprio filho com quem ele não se identifica. A diferença do estilo de vida dos abastados, como os Cazalet, e os menos afortunados, como os seus serviçais, que apesar de muito bem tratados e respeitados, apenas ganham para sobreviver, por exemplo a querida Miss Miliment, a professora particular, tem somente um guarda-roupa para todo o ano, limitando-se a pôr ou retirar camadas de roupa. 
O número de filhos que as pessoas costumavam ter nessa época rondava os de Portugal, eram às dúzias, menos nas classes elevadas. O que também me informou de algo contrário ao que supunha.  

Escrito pouco antes da segunda guerra mundial estalar, relembra a dor da mãe que teve 2 filhos na primeira guerra, e teme que esta lhe leve o terceiro, mas também a mentalidade dos jovens que não a viveram, e têm uma visão romântica dela devido aos contos de camaradagem dos combatentes, e que por isso até se sentem impelidos para ela. Porém, as mulheres não falam sobre certos assuntos sérios, e a guerra é um deles, guardam para elas as suas preocupações, e opiniões. Em véspera de guerra a vida decorre com uma normalidade desconcertante, para algumas personagens, o que me faz equiparar à nossa situação actual com a guerra na Ucrânia e Rússia, agora que países europeus, como a França, Inglaterra, Dinamarca e Espanha, resolveram juntar-se ao primeiro país. 

Apesar de tudo, o ambiente descrito nesta casa, e família, são para mim o epitome da perfeição, resumidos no paragrafo de William, ao sentir a visão diminuída, quando ele se apercebe dos barulhos da casa, ruídos de vozes familiares, dos talheres que as empregadas transportam em tabuleiros, ao pôr mesa na sala de jantar, portas que batem, o som do violino de alguém a tocar. Enfim, uma casa cheia de vida. 
Eu tenho realmente uma forte predileção por narrativas familiares e esta encheu-me as medidas. Irei continuar a ler os próximos volumes. 

Agora, ponto menos positivo... está em Inglês, lamentavelmente este livro não se encontra traduzido, há coisas que de facto não compreendo! Em suma, é uma leitura que recomendo vivamente. 

Título: The Light Years
Autora: Elizabeth Jane Howard
Editora: Pan Books
Nr de págs: 553




segunda-feira, 10 de junho de 2024

É para as Europeias? Nem vale a pena...

" ....dos 10,4 milhões de eleitores inscritos, 3,9 milhões decidiram ir às urnas. "

Público


As pessoas ainda não perceberam que o que é decidido no parlamento europeu tem mais impacto nas suas vidas, e em Portugal, do que propriamente as eleições nacionais. Pensarão que somos um país independente? Que quem nos governa tem poder?! 

Doce ilusão. Mas viver sem ver a realidade não nos presta bom serviço. 

quarta-feira, 5 de junho de 2024

A Seca e o Milagre

A propósito da seca, dos meses mais quentes de há centos de anos noticiados semanalmente, para promover a agenda climática, lembrei-me desta história verídica. Eu já a tinha ouvido, mas sinceramente nunca lhe prestei grande atenção. Desta vez foi diferente. 

A minha mãe tem 86 anos; contou-me que quando tinha cerca de 12 anos houve uma seca muito grande, e o padre da aldeia organizou uma peregrinação à capela de S.Romão, para pedir chuva; ele ia à frente, enquanto invocava diversos santos, e a multidão atrás ia respondendo "Ora pro nobis". Caminharam cerca de 5 kms e logo depois da marcha ter atingido o cume do monte, onde se localiza a capela, e terminado a peregrinação, começou a chover a cântaros. As pessoas ficaram encharcadas até aos ossos, ninguém tinha guarda-chuva, nem havia abrigos, e assim regressaram a casa. Ninguém se constipou, nem adoeceu. Foi um grande milagre, conclui sempre a minha mãe.  

Pois bem, se os jovens que cortam estradas e destroem obras de arte, por acreditarem nas alterações climáticas, acreditassem antes na Divindade, em forças superiores, e quiçá na oração, talvez o resultado fosse melhor para toda a gente. Talvez não, de certeza que sim. 

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Junho

Ao som da Música...

Ao som de uma música adormecida e suave

Como os gorgolejos dos pântanos da lua,

Criança com sangue de verão, boca de ameixa 

Madura

Aos sons melosos das tuas palavras trémulas

Aqui na sombra quente e húmida da velha parede

Deixem a fera preguiçosa Infeliz adormecer.


Aos sons do teu canto de harpa enferrujada

Menina tépida que brilha como uma maçã molhada,

- ( A minha cabeça está tão pesada de eternidade vazia,

Moscas douradas fazem um barulho suave e estúpido

Que toma os teus olhos de vaca enorme como janelas),

Ao som da tua voz de Verão adormecida e ruiva

Faz-me sonhar  do que poderia ter sido

E não foi...


Que belos olhos de animal tu tens,

Menina branca de junho, grande dorminhoca!

Minha alma, minha alma está chuvosa,

De ser e não ser, estou bastante cansado.


Enquanto a tua voz de água flui como areia

Que adormeço longe de tudo e longe de mim

Entre as três garrafas vazias debaixo da mesa.


— Afogado voluptuoso pelo rio da tua voz...


Oscar Vladislas de Lubicz Milosz

( Minha tradução)


 AUX SONS DE LA MUSIQUE…

Aux sons d'une musique endormie et douce

Comme le gargouillis des marais de la lune,

Enfant avec du sang d'été, bouche de prune

Mûre;

Aux sons mielleux de tes mots chevrotants

Ici, dans l'ombre chaude et humide du vieux mur

Laissez la bête paresseuse Malheur s'endormir.


Aux sons de ton chant de harpe rouillée,

Fille tiède qui brille comme une pomme mouillée,

— (Ma tête est si lourde d'éternité vide,

Les mouches dorées font un bruit doux et stupide

Qui prends tes yeux de grosse vache pour fenêtres),

Aux sons de ta voix d'été endormie et rousse

Fais-moi rêver de ce qui aurait pu être

Et ce n’était pas…


Quels beaux yeux d'animal tu as,

Fille blanche de juin, grande dormeuse !

Mon âme, mon âme est pluvieuse,

D'être et de ne pas être, je suis assez fatigué.


Pendant que ta voix d'eau coule comme du sable

Que je m'endors loin de tout et loin de moi

Entre les trois bouteilles vides sous la table.


— Noyé voluptueux par le fleuve de ta voix...