quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Até quando acreditar no Pai Natal?



Quando criança adorava a ideia do Pai Natal. De tal forma que quando uma amiga, que tinha irmãos mais velhos, me disse que ele não existia, não acreditei. Fui perguntar à minha mãe, e como ela achou que já estaria na hora de eu saber, confirmou. Lembro-me da decepção enorme, e da dificuldade que tive em aceitar essa notícia.

No entanto, continuo a pensar que a fantasia do Pai Natal é muito boa, enquanto dura. Por isso, também envolvi os meus filhos nessa crença, e constatei que a viviam exactamente como eu, e como qualquer criança. Quando o Duarte entrou para a escola temi que os colegas, lhe desvendassem o segredo. O que para nosso alivio não aconteceu.
Outros Natais vieram e as crianças iam-me contando que o colega y ou amigo X, diziam  não acreditar no Pai Natal, ao que eu respondia, com a intenção de retardar a resposta definitiva, que talvez não tivessem a capacidade de acreditar no invisível.

No ano passado, quando o Natal se aproximou, e as conversas sobre presentes, entre as crianças ficaram na ordem do dia, a Letícia disse-me que na turma dela já ninguém acreditava no Pai Natal.
Lembro-me perfeitamente desse momento. Olhei para o Duarte, antes de responder, porque sabia o quanto lhe era cara a ideia do velhinho das barbas brancas. E seguindo o meu mote habitual ( se têm maturidade para perguntar, têm para saber), ia a confirmar, quando o Duarte me interrompeu apressadamente:
- Não quero saber da tua turma, Letícia; eu acredito, e quero continuar a acreditar, no Pai Natal.

A Letícia olhou para mim e eu encolhi os ombros ligeiramente, num sorriso cúmplice. Mais tarde conversamos as duas, e eu confirmei-lhe que realmente o Pai Natal não existia, que eram os pais que davam os presentes. Contei-lhe a minha própria experiência sobre ter descoberto essa verdade. Perguntei-lhe se teria preferido nunca ter acreditado no Pai Natal; ela respondeu que não, que tinha gostado muito dessa fantasia. Combinamos que não falaríamos nada sobre o assunto com o Duarte, porque ele ainda não estava preparado para aceitar a inexistência do Pai Natal.
Enquanto a irmã mais nova estava.

E assim, o Duarte passou um último Natal, vivendo essa fantasia. Tinha 10 anos. Logo depois, ele mesmo tomou a iniciativa de conversar comigo sobre o Pai Natal e verbalizou aquilo que já intuía há muito (e ouvira dos amigos, mas optara por ignorar); e rematou a conversa dizendo:  - É pena que o Pai Natal não exista; é que assim, nós tínhamos presentes dele, e dos pais!

Não acho que seja nenhum drama acreditar no Pai Natal, e um dia ser confrontado com o facto de ser apenas uma história, e que são os pais a oferecerem os presentes.

Pelo contrário; é uma história maravilhosa, que torna o Natal ainda mais mágico para as crianças, e para os adultos que as rodeiam, ao vivenciarem aquela alegria.

Na minha opinião, não existe idade para deixar de acreditar no Pai Natal; como em tantas outras coisas, a maturidade de cada criança é o indicador que regula esse momento da revelação. Pena é que a capacidade de fantasia das crianças, actualmente, parece acabar cada vez mais cedo!

Até breve!