segunda-feira, 19 de novembro de 2012

"Vinculos fortes, filhos felizes" - A conferência


Conforme previsto, assisti na passada sexta-feira à conferência de Gordon Neufeld, subordinada ao tema Vínculos fortes, filhos felizes.
Tive ainda a grata surpresa de ser abordada por uma leitora do blogue, a Sónia, que aceitou o convite que aqui deixei para este evento. É muito gratificante conhecer pessoalmente quem lê o Mãe...e muito mais, e ser a destinatária de palavras tão gentis. ( Muito prazer, Sónia! A conferência valeu a pena duas vezes! )

Resumidamente, sobre a conferência. 
Começou Gordon Neufeld por afirmar, que provavelmente já sabíamos o que  iria dizer, ele estava apenas a dar-lhe nomes. De facto, o tema desenvolvido não foi novidade para mim, havendo claro algumas abordagens mais inéditas, por não pertencerem à minha realidade.

Segundo o autor, ao contrário do que muitos apregoam por aí,  o Estado não pode substituir a família na educação dos filhos; deve, sim, proporcionar condições às famílias, para que eduquem os filhos, sem lhes tirar o lugar.

A ciência defende actualmente que é através da emoção que se aprende, por isso os laços entre pais e filhos devem ser fortes e íntimos. Muitos filhos são verdadeiros enigmas para os pais, porque houve uma transferência da ligação dos pais, para a tecnologia e para os seus pares.

A intimidade tecnológica é mais viciante do que o tabaco e o álcool, mas não satisfaz. Os pares não podem ocupar o lugar dos pais, pela falta de conhecimento, sensatez e maturidade. Aliás, o número de vocábulos utilizado pelos adolescentes está a diminuir, exactamente, por estes comunicarem praticamente apenas entre eles.

"A imaturidade é a epidemia do nosso tempo"; como os pais não têm tempo para construir essas ligações com os filhos, escusam-se a dizer-lhes "não", julgando poupar os filhos, estão no entanto a retirar-lhes a possibilidade de enfrentarem a frustração, e de sentirem determinados sentimentos como tristeza, solidão e rejeição. Os filhos precisam de chorar ( e de ser confortados pelos pais!), de passar por esses processos de cura para amadurecerem.
O número de crianças a sofrer de ansiedade é crescente, porque  lhes falta vinculação. E eles fogem da vulnerabilidade, por não saberem lidar com ela.

Nós não precisamos de saber as respostas, para os nossos filhos, mas ser as respostas.  Os nosso predecessores também não sabiam as respostas, apenas faziam bluff. Porém, as coisas pareciam funcionar porque cumpriam determinadas funções vinculativas, não tão evidentes na actualidade, devido à falta de tempo.

Para educar bem os filhos, devemos, portanto, ler uma forte ligação com eles; Gordon Neufeld, fala em "possuir os seus corações". Demonstrar-lhes que eles contam para nós, cativá-los, dizer-lhes não, e fazermos pontes para o próximo momento, o próximo encontro ( - Até amanhã! Encontramo-nos no teu sonho! etc).
Esta forma de actuar junto das crianças é mais natural no contexto da família, do que no de Estado.

Pessoalmente, sei que a vinculação que tenho com os meus filhos permite chegar até eles com uma grande facilidade. Conheço-os o suficiente para saber que alguma coisa se passa, que algo os preocupa, ou entristece.
Sei como falar com eles, levando-os a fazer o que acho correcto, com a anuência deles, não como imposição. Por isso, sim, só posso concordar que a educação bem sucedida se faz partindo do amor.

O Auditório Montepio estava lotado, e justificadamente. Os meus agradecimentos pelo convite aos Filhos Felizes, e parabéns pela iniciativa. Urge divulgar mensagens deste teor, para bem das famílias, e nossa sociedade.

Tenham uma óptima semana!