Que
educar filhos é um dos grandes desafios da nossa vida já não é novidade, mas
dentro desta classe, por assim dizer, há subclasses que apresentam graus de dificuldade,
particularmente intimidantes.
Como por
exemplo, ensinar os filhos a dizer a verdade, a serem sinceros.
Como em
tudo, a melhor forma de ensinar é dando o exemplo, e eu sou uma das mães que
se vangloria de dizer sempre a verdade aos filhos; se têm maturidade para
perguntar, têm maturidade para ouvir a resposta, é o meu mote.
Mas o
exemplo não termina na relação que tenho com os meus filhos; eles observam,
atentamente, as minhas reacções e pensamentos expressos nas relações que tenho
com os outros. Como de resto, fazem todas as crianças, com todos os pais. E se
em determinadas situações, o meu comportamento é inequívoco, outras há, em que
a bem da educação, da paz e tranquilidade, me calo ou adopto uma posição mais
benevolente.
É assim
que a sociedade funciona, a sinceridade deve ser usada com peso e medida,
evitando o risco de tornar a qualidade num defeito. Contudo, sendo esses exemplos mais subtis, escapam mais facilmente ao radar das crianças. Aliás, escapam também à maioria dos adultos, e o intuito é mesmo esse.
Recentemente,
aquando da apresentação dos professores, na escola, um professor perguntou à
Letícia, se tinha gostado de todos os professores; resposta pronta: - De todos,
menos do Y!
( Glup…!
O pai engoliu em seco)
Sinceridade
e frontalidade são características da minha filha, isso é ponto assente. No
entanto, ela já aprendeu há muito tempo, que tudo aquilo que pode ferir a sensibilidade
das pessoas, não deve ser dito. É um limite, como muitos outros, que ela
respeita. No entanto, esta é outra situação, é uma excepção, como tantas outras
excepções à regra de dizer sempre a
verdade e ser sincera.
E como “descalcei eu esta bota”…?
O que
lhe disse foi que não deveria comentar sobre professores, aos outros
professores, porque são colegas; ao que a Letícia me respondeu: - Mas o
professor perguntou-me!
Óbvio,
uma pergunta directa, merece uma resposta directa. (Bolas! Para além de excepções,
ainda tenho que me debater com argumentos inteligentes e pertinentes!)
- Tudo
bem, ele também não deveria ter feito uma pergunta dessas; de qualquer forma,
ainda é muito cedo para conheceres os professores e saberes com quem
simpatizas, não achas?
-Sim… respondeu
ela pouco convicta. Ou porque duvidasse que a sua opinião mudaria, ou porque são regras a mais para gerir o que se diz e se cala.
É difícil a tarefa dos educadores, mas também não é mais fácil a tarefa dos educandos!
Até breve!