segunda-feira, 6 de maio de 2013

Dia da não-mãe


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No dia da Mãe lembro-me sempre das mulheres que não são mães. Mais exactamente das mulheres que escolheram não ser mães. Tenho um grande respeito e admiração por elas. Claro que eu gosto imenso de ser mãe, poderia fazer aqui  uma longa lista em homenagem à maternidade num piscar de olhos. Mas isso não me impede de reconhecer os motivos que as mulheres não-mães invocam para não terem filhos. E acho esses motivos muito convincentes. Coerentes até.

Eu gosto de coerência. É aquele fio condutor que nos permite viver a vida de forma equilibrada, e sentirmos que a temos, dentro do possível, controlada. E por isso, acho estranho que muitas pessoas pensem que optar por não ser mãe é ser egoísta. Porque estas mulheres escolheram dar prioridade à carreira, ou a elas mesmas. Porque optaram por não ter ninguém dependente delas, em todos os sentidos, e beneficiar com isso. Porque escolheram viver a vida que elas querem.

Se pensarmos realmente sobre isso, as egoístas somos nós. Infelizmente, vejo tantos casos de mães que nem sequer escolheram ser mães, são-no e pronto. Esperava-se isso delas, como seguimento do namoro, casamento, casa e carro. O plano convencional em execução. Outras que escolhem ser mães, como se o filho fosse o derradeiro acessório de moda, depois do iphone4 na mão, ou terrier pela trela, o filho ao colo. Outras porque acham que os filhos solidificam os casamentos. Porém, seja como for, na base de termos filhos há sempre um certo egoísmo; nem que seja apenas uma pulsão natural para realizarmos uma extensão de nós mesmos. Nós é que sucumbimos ao egoísmo.

Admiro a lucidez das mulheres que optaram por não ser mães. E acredito que muitas vezes essa opção lhes trará tristeza e dúvida, pois naturalmente é mais fácil ceder à tendência do grupo, à pressão da sociedade. Admiro-lhes a coragem, porque francamente, estas mulheres são estigmatizadas pela sociedade, por não encaixarem na norma.

Respeito as mulheres que escolheram ser mulheres apenas, e o fizeram de forma deliberada e pensada. Há uma grande coerência nessa escolha de vida.

Tenha uma óptima semana!