segunda-feira, 20 de maio de 2013

Reconhecer uma relação saudável



Desde o Infantário que o conselho mais frequente que dei aos meus filhos foi - Brinquem com os meninos que se portam bem; façam amizade com os meninos bem-educados e bons alunos.

Explicava-lhes que os meninos que se portam mal, que falam muito, que saem do lugar sem permissão, que  têm brincadeiras violentas ou turbulentas, acabam por influenciar negativamente os outros meninos que passam mais tempo com eles. Raramente a "conversão" resulta em sentido contrário.
Se dúvida tivesse a  respeito do resultado desta minha indicação, tinha-a desfeito logo no primeiro ano; um menino da turma do Duarte veio ter connosco, numa das primeiras tardes, e cumprimentou-o com um: "Olá Duarte". O meu filho ignorou-o, fazendo-se de surdo, comportamento que me apressei a corrigir, dizendo - "Então, não respondes "olá" ao teu amigo?".  A resposta foi contundente:
- Ele não é meu amigo; só tem vermelhos! ( No quadro do comportamento actualizado diariamente pela professora)
-Pode não ser teu amigo, mas é teu colega; e deves cumprimentar todos os teus colegas. Respondi eu. Obviamente, desenvolvi a partir daí uma conversa sobre a relação entre amigos e colegas. Por muito que tentemos as nossas lições nunca estão completas; há sempre falhas a colmatar, erros a corrigir.

E saber reconhecer uma relação de amizade saudável encaixa exactamente neste tipo de falha; nem sempre os meninos bem educados e bons alunos são bons amigos. Esta tem sido uma lição frequentemente repetida cá em casa, a propósito de uma relação de amizade dos meus filhos. Relativamente a esta questão, os meus conselhos sumários têm sido os seguintes:
Um amigo verdadeiro...

Respeita - Amigo que é amigo, respeita. Aceita as decisões do seu amigo, mesmo não concordando com elas. Não espera que estejam sempre em sintonia, e quando isso acontece, não disparata, rebaixando as escolhas do outro. Ridicularizando e divulgando junto dos outros colegas de forma trocista. Isso é inaceitável. Respeitar é aceitar, mesmo não compreendendo.

Gosta - Aprecia a companhia e maneira de ser do amigo e compreende que outros também gostem; aliás, gosta que os outros, amigos e colegas também o apreciem. Não é ciumento, nem exige exclusividade. Reconhece as qualidades do amigo e por isso tem orgulho na amizade que os une.

É altruísta - O amigo verdadeiro partilha e ajuda. Alegra-se com o sucesso do seu amigo como se fosse seu. Por isso, não sente inveja. Não "puxa" para baixo, dizendo que ele não vai conseguir, pelo contrário, incentiva com palavras de confiança. Motiva e promove o amigo, quando este necessita.

Claro que todas estas características devem ser  recíprocas; se for apenas numa direcção, é uma amizade unilateral, logo não é merecida.
E assim sendo, aconselho os meus filhos, em primeira instância, a corrigirem o comportamento desadequado; a dizerem ao "amigo" que não foi correcto, que não gostaram daquele comentário, ou comportamento e porquê. Se não resultar, e sentindo-se constantemente incomodados, perturbados,  a afastarem-se.
Manter este tipo de relação faz mal às crianças, enquanto passa ao outro suposto amigo a ideia de que este tipo de comportamento entre amigos é aceitável, normal. Mais grave ainda, sinto este tipo de relação como um bullying subtil, e por  isso, definitivamente, não deve nunca ser consentido.

Tenha uma óptima semana.