quarta-feira, 8 de maio de 2013

Lágrimas de Facebook


via
Acho que a expressão popular "lágrimas de crocodilo" na era das redes sociais devia ser actualizada. Proponho "lágrimas de Facebook". O sentido é o mesmo mas adaptado a uma nova tendência. À realidade dos icons e likes. Muito mais fácil do que fingir lágrimas de crocodilo.

Apercebi-me disto a propósito da tragédia que foi o assassinato do estudante, na Queima das Fitas, no Porto. Não me interessam detalhes, que nem eu mesma sei nem quero saber. O que sei porque vi, foi a comoção geral, dos estudantes pela morte estúpida desse jovem, estampada em todo o lado no Facebook. Os elogios à jovem pessoa que ele foi, o pesar, a perplexidade e indignação.

Mas a Queima das Fitas continua. As festas, as noitadas nas discotecas, as bebedeiras. O desfile.

É fácil pôr um like numa mensagem comovida. É fácil fazer um share.

Mas saem do Facebook e a Queima continua. A euforia mantém-se.

Depois de um acontecimento destes, de assassinarem um dos deles, como podem continuar a festejar, como se nada tivesse acontecido? Porque não cancelaram tudo?
Sei, a vida continua! Para quase todos pelo menos, porque para aquele rapaz, pais, familiares e quem o amava realmente, parou. A vida ficou suspensa.
Para esses não há likes nem shares. Poderia haver mais solidariedade neste momento de sofrimento, mas não há icon para isso. 

Entretanto, virtualmente, fazem cara de Facebook.