VIA |
Na sexta-feira fui ao Shopping. Logo de manhã cedo, mesmo antes das lojas abrirem. Poucas pessoas perambulavam pelos corredores ainda, e os lojistas faziam a limpeza matinal, antes de abrirem as portas. O ambiente era tranquilo, quase silencioso, muito contrário ao habitual.
E de repente, vejo que a Bertrand fechou portas. Atónita, olhei em volta para verificar se me teria enganado na localização da livraria; não, era mesmo ali. Entre aquelas duas lojas e pouco antes da Throttleman. E por falar na Throttleman, onde está ela? Não deveria estar ali?! Também fechou. E a Petit Patapon. E a Benetton.
As lojas fechadas ficam disfarçadas com pósteres gigantes a fazer publicidade a marcas e produtos. Se antes passavam por detectar entre lojas abertas, hoje são tantas lojas fechadas disfarçadas com pósteres que é impossível não reparar.
Mas a Bertrand... Passamos lá horas; sempre que ia ao Shopping com as crianças tínhamos duas paragens obrigatórias: Imaginarium e Bertrand. Algumas vezes comprávamos livros, outras apenas víamos as novidades e líamos um ou outro livro.
Depois abriu a FNAC. Como se não bastasse a concorrência da livraria do Continente, abriu a FNAC, a gigantesca, com milhares de livros, e nós sucumbimos como todos os outros. Ocasionalmente ainda entravamos na Bertrand, mas cada vez menos.
Primeiro, foram "abatidas" as Livrarias de rua, agora estão a ser definitivamente exterminadas as pequenas livrarias dos Shoppings, que comprovadamente não são par para as grandes livrarias internacionais. E é triste. As livrarias de rua têm um encanto, uma atmosfera irreproduzível.
É a crise. Sim, já não há tanto dinheiro para gastar nas lojas, as pessoas estão mais pobres.
Mas a Bertrand... Existe desde 1732, e suponho que o facto de possuir uma longa existência também me encanta e simultaneamente me entristece, por não lhe valer de nada.
Definitivamente, estamos mais pobres.
Tenha uma óptima semana.