quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Ensino Copy+Paste


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Das coisas que mais me frustrou e marcou, enquanto aluna, foi o facto de determinados professores só aceitarem respostas como certas que estivessem de acordo com as deles. Por exemplo, a análise de um poema pode ser quase tão subjectiva como quem a interpreta, e desde que devidamente fundamentada, deve ser considerada correcta. No entanto, existem livros que interpretam poesia e para muitas pessoas, professores inclusivé, são verdadeiros manuais de instrução. O que se desviar dali não funciona.

A capacidade interpretativa não é valorizada, e o raciocínio individual é espezinhado como uma erva daninha que se pode tornar incómoda e perturbadora.

Tudo o que este tipo de sistema de ensino promove é um trabalho de memória, que vai de encontro aos manuais. Não interessa se o aluno aprendeu realmente, e de facto, frequentemente, quando o aluno é colocado perante a mesma questão, feita de outra forma, ou que exiga raciocínio, já não consegue responder com o mesmo sucesso.

Para que serve semelhante sistema? Os alunos ficam  formatados num modelo colectivo e estereotipado. É mais fácil controlá-los. É mais fácil avaliá-los.
E assim se fazem cidadãos acríticos, como convém ao sistema, já não apenas educativo.

Não é possivel que o Ensino permaneça o mesmo de quando era eu a aluna. Um sistema que incentiva e premeia a memorização em detrimento do pensamento crítico. Que produz papagaios em vez de seres pensantes, com opinião própria.

A forma como a educação é exercida tem que dar um volte-face; as crianças estão mais exigentes e esperam aprender algo que lhes seja útil e faça sentido. Esperam ser ouvidas, e tidas em conta. Cabe aos professores chegar até elas, saindo das suas estratégias fossilizadas que já não correspondem ao que os alunos esperam e merecem.

Ser professor deixou de ser uma profissão cómoda e monótona, está repleta de desafios e enigmas, que esperam ser resolvidos e ultrapassados. Só assim o sucesso dos alunos é alcançado, e em última análise o dos próprios docentes. 

Chegamos a um tempo em que ao Ensino copy+paste só podemos fazer Delete!