quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Tempestade



Já vem anunciada em mensagem pela Protecção Civil, sem que a tivesse requisitado. Não me causa qualquer apreensão ou receio. Aguardo-a apenas com uma certa excitação. 

Sinto-me mais viva do que nunca ao ver a força do vento dobrar os galhos das árvores gigantes, que se contorcem para um lado e o outro, numa dança sentida, embora por momentos me confunda a visão e não saiba dizer se dançam em harmonia ou lutam pela sobrevivência. O que sei é que há ali uma força extraordinária, e por vezes um certo furor apaixonado, que é lindo de se ver. 

As folhas que estavam a cair gradualmente, desde o Outono, levadas por ocasionais ventos, caíram repentinamente e as árvores agora totalmente despidas são espectros do que foram no Verão. Mostram-se na totalidade, expondo uma delicadeza que ainda suporta aves, e por momentos ventos quase ciclónicos. 

Dizer que a natureza é um espectáculo vivo não é metáfora nem hipérbole, é uma declaração absolutamente justa e precisa. Quem tiver olhos que veja, e coração a bater, que sinta.