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Há uns anos atrás maio era um dos meses mais populares no
que dizia respeito a casamentos. Desconheço o real motivo concretamente;
mas posso imaginar que fosse devido ao tempo primaveril favorável; aos dias com
maior luminosidade; à abundância de flores e até ao próprio significado
auspicioso da estação – quando tudo renasce na natureza é mais fácil acreditar
que a união de dois seres será abençoada na construção de uma nova vida.
Entretanto deixou de ser assim, e a escolha do mês para
casar tem-se estendido aos outros meses, sobretudo aos da primavera e verão. Embora
o número de casamentos em Portugal tenha baixado substancialmente nos últimos
anos, creio que os portugueses ainda continuam a acreditar no casamento, pois
continuam a casar, com uma taxa comparativamente alta, à dos nossos congéneres
europeus. Infelizmente o aumento de divórcios tem crescido incomparavelmente; um
em cada quatro casamentos termina em divórcio, sendo que em 2010, tivemos setenta e dois divórcios por dia.
Creio que alheio a este fato não está a ideia da
sacralidade do matrimónio, que simplesmente se foi diluindo com a laicidade do
Estado, e falta das práticas religiosas com a vulgar posição do “católico não
praticante”. Creio porém, que o insucesso do casamento se deve igualmente a alguns
fatores culturais das sociedades ditas modernas, como por exemplo a falta de
empenho, a preguiça mental, e a intolerância.
Divulgou-se esta ideia do direito à felicidade como dado
adquirido, e que se os relacionamentos não funcionam, as pessoas se devem
simplesmente desvincular; desistir para não perder mais tempo.
A noção de que a vida passa rápido e não temos tempo a perder
também acelerou o processo de resiliência; desistir para reincidir.
A nossa ideia de tolerância foi também minimizada, tomando-lhe
o lugar a inflexibilidade; ceder é visto como fraqueza de personalidade.
E por último, o grande monstro do egoísmo, produto das
sociedades evoluídas, cuja materialização se faz através do “eu”, em detrimento
do “nós”.
Não que eu julgue ter descoberto a “chave” para um
casamento feliz, até porque o matrimónio é um relacionamento que deve ser
sempre cuidado, porém acredito que existem alguns fatores que ajudam no
sucesso. São eles:
Tempo; o casal necessita tempo para conversar, passear,
praticar alguma atividade comum aos dois.
Tolerância; cada um deve aprender a aceitar o outro tal
como é, porque por muito que tenhamos em comum, seremos sempre diferentes nalguma
coisa. Nem por isso um é melhor do que o outro, unicamente diferente. Isto
implica ceder, agora um, mais tarde o outro.
Elogio; frequentemente achamos mais fácil criticar do que
elogiar. Valorizar o que o outro tem de bom expressando-o por palavras (porque
o pensamento é mudo) deve ser prática diária. E não economizar neste quesito!
Resiliência; desistir deveria ser uma palavra muito rara
no vocabulário da conjugalidade. O relacionamento entre duas pessoas não se
constrói de um dia para o outro, cada dia é uma conquista, um tijolo que se
coloca nessa construção grandiosa, que é a família.
Não tenho o arrojo de dizer que em quatro passos o
casamento está garantido, até porque o amor ainda nem foi mencionado e ele é a
base, o princípio criador da relação. Todavia penso que para começar
basicamente é isto. E tenho para mim, que cada leitor terá a sua própria chave
a acrescentar. Desde que sejamos felizes. Porque é só disso que se trata!
Até breve!