segunda-feira, 2 de maio de 2011

Um mês para casar, onze para divorciar


Há uns anos atrás maio era um dos meses mais populares no que dizia respeito a casamentos. Desconheço o real motivo concretamente; mas posso imaginar que fosse devido ao tempo primaveril favorável; aos dias com maior luminosidade; à abundância de flores e até ao próprio significado auspicioso da estação – quando tudo renasce na natureza é mais fácil acreditar que a união de dois seres será abençoada na construção de uma nova vida.

Entretanto deixou de ser assim, e a escolha do mês para casar tem-se estendido aos outros meses, sobretudo aos da primavera e verão. Embora o número de casamentos em Portugal tenha baixado substancialmente nos últimos anos, creio que os portugueses ainda continuam a acreditar no casamento, pois continuam a casar, com uma taxa comparativamente alta, à dos nossos congéneres europeus. Infelizmente o aumento de divórcios tem crescido incomparavelmente; um em cada quatro casamentos termina em divórcio, sendo que em 2010, tivemos setenta e dois divórcios por dia.

Creio que alheio a este fato não está a ideia da sacralidade do matrimónio, que simplesmente se foi diluindo com a laicidade do Estado, e falta das práticas religiosas com a vulgar posição do “católico não praticante”. Creio porém, que o insucesso do casamento se deve igualmente a alguns fatores culturais das sociedades ditas modernas, como por exemplo a falta de empenho, a preguiça mental, e a intolerância.

Divulgou-se esta ideia do direito à felicidade como dado adquirido, e que se os relacionamentos não funcionam, as pessoas se devem simplesmente desvincular; desistir para não perder mais tempo.
A noção de que a vida passa rápido e não temos tempo a perder também acelerou o processo de resiliência; desistir para reincidir.
A nossa ideia de tolerância foi também minimizada, tomando-lhe o lugar a inflexibilidade; ceder é visto como fraqueza de personalidade.
E por último, o grande monstro do egoísmo, produto das sociedades evoluídas, cuja materialização se faz através do “eu”, em detrimento do “nós”.

Não que eu julgue ter descoberto a “chave” para um casamento feliz, até porque o matrimónio é um relacionamento que deve ser sempre cuidado, porém acredito que existem alguns fatores que ajudam no sucesso. São eles:

Tempo; o casal necessita tempo para conversar, passear, praticar alguma atividade comum aos dois.
Tolerância; cada um deve aprender a aceitar o outro tal como é, porque por muito que tenhamos em comum, seremos sempre diferentes nalguma coisa. Nem por isso um é melhor do que o outro, unicamente diferente. Isto implica ceder, agora um, mais tarde o outro.
Elogio; frequentemente achamos mais fácil criticar do que elogiar. Valorizar o que o outro tem de bom expressando-o por palavras (porque o pensamento é mudo) deve ser prática diária. E não economizar neste quesito!
Resiliência; desistir deveria ser uma palavra muito rara no vocabulário da conjugalidade. O relacionamento entre duas pessoas não se constrói de um dia para o outro, cada dia é uma conquista, um tijolo que se coloca nessa construção grandiosa, que é a família.

Não tenho o arrojo de dizer que em quatro passos o casamento está garantido, até porque o amor ainda nem foi mencionado e ele é a base, o princípio criador da relação. Todavia penso que para começar basicamente é isto. E tenho para mim, que cada leitor terá a sua própria chave a acrescentar. Desde que sejamos felizes. Porque é só disso que se trata!

Até breve!