segunda-feira, 16 de maio de 2011

Problemas de adultos não são problemas de crianças

 

A crise, a recessão, a Troika, e a promessa de dias ainda mais negros do que os que vivemos atualmente estão na ordem do dia. Na televisão não se fala de outro assunto, nos jornais idem, e nas bocas de todos, igualmente. 

 Somos bombardeados com informações de números arrasadores, seja de défice, seja da dívida pública, seja de juros, seja de prazos. As coisas estão realmente más, e é justificadamente preocupante, sobretudo quando a promessa não é de dias melhores. 

Um desses números que impressiona é o número de compatriotas que estão a deixar Portugal, em busca de emprego, e de vida melhor, noutros países, sobretudo da Europa. O maior êxodo de emigração desde há cerca de cem anos. Outro número impressionante: a cada hora que passa emigra um licenciado português. 

Portanto, ainda que não falemos destes assuntos com as crianças, elas acabam por ouvir as nossas conversas transversais. Além disso, há na escola  coleguinhas que têm o pai a trabalhar na Holanda, ou na Finlândia; ou ainda coleguinhas que vão deixar a escola, no final no ano letivo porque vão emigrar com a família.

Estes dias, o meu filho perguntou-me, de supetão:
-Mãe, também vamos ter que ir viver para outro país?
Conversando com ele, acerca do assunto, constatei que realmente estava preocupado com essa possibilidade. Tranquilizei-o, dizendo que não, e explicando sobre uma série de fatores que levam as pessoas a procurar emprego no estrangeiro. 

No dia seguinte, conversando com um amiguinho do meu filho, também ele expressou preocupação, indo mais longe, ao dizer: - Estou mesmo preocupado com o futuro; tenho medo de não ter emprego, quando for adulto. 
Ele é um aluno brilhante, creio que o futuro dele será promissor; mas voltei a ter a mesma conversa que tivera com o meu filho, e desdramatizei a situação.

Na realidade não podemos prometer nada de bom, nem jurar nada aos nossos filhos, mas acredito que se isso os tranquiliza é o que devemos fazer.
Os problemas estão aí para serem encarados, e solucionados por nós, adultos. E embora eu não seja apologista de criar as crianças numa redoma, há um limite até onde devemos ir. E esse limite é ensinar a apreciar, a sentirem-se gratos pela casa, pela comida, pela roupa, enfim por tudo o que têm. É ensinar a não desperdiçar. É ensinar a ser solidário, lembrando que há quem não tenha e que devemos dividir.  

Assustar, dividindo com as crianças as nossas inquietações, já está para lá do limite. Porque afinal, elas são apenas…crianças, e devemos resguardar a infância delas, a fim de os ajudarmos a construir personalidades fortes, para que um dia enfrentem o futuro com a segurança e confiança que uma infância feliz lhes proporcionou. É mesmo o que eu penso.

Tenha uma ótima semana!