(Imagem)
A crise, a recessão, a Troika, e a
promessa de dias ainda mais negros do que os que vivemos atualmente estão na
ordem do dia. Na televisão não se fala de outro assunto, nos jornais idem, e
nas bocas de todos, igualmente.
Somos bombardeados com
informações de números arrasadores, seja de défice, seja da dívida pública,
seja de juros, seja de prazos. As coisas estão realmente más, e é
justificadamente preocupante, sobretudo quando a promessa não é de dias
melhores.
Um desses números que impressiona é
o número de compatriotas que estão a deixar Portugal, em busca de emprego, e de
vida melhor, noutros países, sobretudo da Europa. O maior êxodo de emigração
desde há cerca de cem anos. Outro número impressionante: a cada hora que passa
emigra um licenciado português.
Portanto, ainda que não falemos
destes assuntos com as crianças, elas acabam por ouvir as nossas conversas
transversais. Além disso, há na escola coleguinhas que têm o pai a
trabalhar na Holanda, ou na Finlândia; ou ainda coleguinhas que vão deixar a
escola, no final no ano letivo porque vão emigrar com a família.
Estes dias, o meu filho
perguntou-me, de supetão:
-Mãe, também vamos ter que ir viver
para outro país?
Conversando com ele, acerca do
assunto, constatei que realmente estava preocupado com essa possibilidade.
Tranquilizei-o, dizendo que não, e explicando sobre uma série de fatores que
levam as pessoas a procurar emprego no estrangeiro.
No dia seguinte, conversando com um
amiguinho do meu filho, também ele expressou preocupação, indo mais longe, ao
dizer: - Estou mesmo preocupado com o futuro; tenho medo de não ter emprego,
quando for adulto.
Ele é um aluno brilhante, creio que
o futuro dele será promissor; mas voltei a ter a mesma conversa que tivera com
o meu filho, e desdramatizei a situação.
Na realidade não podemos prometer
nada de bom, nem jurar nada aos nossos filhos, mas acredito que se isso os
tranquiliza é o que devemos fazer.
Os problemas estão aí para serem
encarados, e solucionados por nós, adultos. E embora eu não seja apologista de
criar as crianças numa redoma, há um limite até onde devemos ir. E esse limite
é ensinar a apreciar, a sentirem-se gratos pela casa, pela comida, pela roupa,
enfim por tudo o que têm. É ensinar a não desperdiçar. É ensinar a ser
solidário, lembrando que há quem não tenha e que devemos dividir.
Assustar, dividindo com as crianças
as nossas inquietações, já está para lá do limite. Porque afinal, elas são
apenas…crianças, e devemos resguardar a infância delas, a fim de os ajudarmos a
construir personalidades fortes, para que um dia enfrentem o futuro com a
segurança e confiança que uma infância feliz lhes proporcionou. É mesmo o que
eu penso.
Tenha uma ótima semana!