Via Simply Sara |
Antes que eu pudesse pensar duas vezes, estava comentar ( e isto é muito raro no Pinterest! ), " E porque não Lego para meninas também?!".
É verdade que aquilo mexeu comigo de uma forma bastante incomodativa. Achei sexista e discriminatório.
Há dias, numa reportagem sobre casais de lésbicas que tinham sido mães, um psicólogo advogava a favor, referenciando um estudo que comprovava uma educação mais livre de preconceitos, pela parte dos casais homo. Como exemplos, disse: meninos que vestem cor de rosa, e meninas que andam de bicicleta.
Juro que eu estava expectante de exemplos reveladores, mas estes não! O meu filho veste roupa com cor de rosa, e a minha filha anda de bicicleta melhor do que o irmão. Talvez a falta de preconceito que muitos têm em relação a casais homo seja compensada pelo preconceito que têm relativamente a casais heterossexuais, porque a ver por este exemplo, não só a minha família é liberal, como todas as outras que conheço.
O preconceito está por todo o lado. E isso fica bastante evidente na forma diferenciada como pais educam meninas e meninos; porque não há-de a menina brincar com Lego, como o irmão? Os meus filhos brincam com Lego, lado a lado, é aliás uma das brincadeiras que ainda mantêm e que apreciam igualmente.
Quando eram mais pequenos e o Duarte brincava com Power Rangers, a Letícia quis um Power Ranger feminino, que escolheu em cor de rosa. Noutra ocasião, o Duarte quis um boneco Polly Pocket para brincar com a Letícia, e as bonequinhas dela. Compreendo que eles se projectem nesses bonecos, identificados pelo sexo, mas o que interessa verdadeiramente, é que um e outro brincavam aos Power Rangers e Polly Pocket. À partida, brincadeira de menina, e de menino, mas não, era apenas brincadeira.
Quando eu era criança as minhas amigas tinham que participar das tarefas domésticas, enquanto os irmãos delas jogavam à bola, na rua. Essa educação discriminatória não estava certa, tanto é que muitos desses meninos, hoje homens, tiveram que aprender em adultos a cozinhar, limpar e aspirar. O estilo de vida mudou, e os homens têm outro papel dentro de casa.
Infelizmente, a mudança na educação doméstica que eu vejo continua errada, pois as mães persistem em não ensinar aos filhos as lides domésticas, e entretanto, deixaram de ensinar às filhas também. Esta coisa da igualdade levada à letra não conduz a bons resultados.
Porque não ensinar filhos e filhas a cozinhar, limpar e lavar ? É apenas mais uma competência que adquirem, e que lhes proporciona autonomia e independência. Ficam mais preparados para a vida, e terão muito menos problemas quando dividirem a casa com alguém.
Eu tento ensinar os meus filhos a colaborarem em casa, pondo e levantando a mesa, prestando pequenas ajudas na cozinha, arrumando os quartos, etc, e claro que não são tarefas que fazem alegremente. Aliás, tenho que confessar que o Duarte é menos cooperante do que a Letícia, mas não creio que seja devido ao género; ele quer é jogar no pc, ou na PS, enquanto a Letícia vem com o mesmo entusiasmo do que quando lhe proponho ir passear ao parque, ou pintar uma tela. É uma questão de personalidades.
Enquanto fizermos distinção na educação de meninos e meninas, o preconceito vai continuar: respeitar a personalidade de cada criança é muito importante, mas não é o sexo que define essa importância. Por isso, eu digo: decorem a saboneteira das meninas com Lego, também!
Até breve.