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Porém, frequentemente, os sonhos dos jovens não incluem mais ninguém.
Há dias uma mãe conversava comigo, acerca da filha que tinha saído de casa. Entrou na Universidade, com uma boa média, o que a deixou muito orgulhosa, mas no final da conversa, arrematou: - Vamos lá ver ser conseguimos arcar com os encargos.
Durante a nossa conversa, entendi que a filha tinha optado por aquela Universidade, apesar de viver bem perto de outra ( muito conceituada), porque segundo explicou à mãe " a média daqui é mais baixa" e que isso não era bom para ela.Os pais aceitaram o argumento.
Ora, sendo o curso dela "via ensino", isso não interessa nada; interessaria, se por exemplo, ela entrasse em Direito, em Coimbra, e a opção fosse uma Universidade da Treta, perto de casa. Nesse caso, também eu faria os possíveis para permitir à minha filha, que fosse estudar na Universidade cujo diploma tivesse maior prestigio, no mercado de trabalho.
Contudo, num curso via ensino o que interessa é a média no final do curso, e todos os concorrentes, de Universidades de norte a sul, se encontram em pé de igualdade.
Conclusão, esta jovem, informou mal os pais.
Eu até a compreendo muito bem; com certeza tinha o sonho de sair debaixo das asas paternas, de viver sozinha, de ser independente. Compreendo-a porque também já tive essa ânsia.
E estaria tudo optimamente, não esbarrasse esse sonho, no pesadelo "finanças"!
E isto acontece porquê? Porque não há uma preocupação da parte dos pais em educar os filhos financeiramente. A época em que falar de dinheiro era de muito mau-gosto, acabou. Agora impõe-se que o assunto seja debatido em família, e os filhos informados da situação financeira dos pais.
Quando os meus filhos nos perguntam quanto dinheiro ganhamos, respondemos que ainda não é altura para falarmos disso. Não têm ainda maturidade para ter esse conhecimento, sob pena de divulgarem na escola os ganhos dos pais, em competições com os seus pares. Como acontece com colegas. Contudo, um dia chegará em que nos sentaremos à mesa e conversaremos sobre o nosso orçamento familiar.
Se antes não for, pode muito bem ser ao aproximar-se a entrada na Faculdade. Em conjunto, podemos fazer contas a quanto custará um curso tirado na Universidade mais próxima, e quanto custará naquela em que gostariam de ser admitidos. E comparar com o orçamento familiar.
Os pais têm obrigação de fazer o melhor pelos filhos, mas não creio que tenham obrigação de lhes realizar todos os sonhos. Há um limite diferente para cada família, porém os pais não podem ser os patrocinadores incondicionais dos filhos.
Filhos que esperam isso dos pais, conhecendo a situação financeira dos progenitores, são completamente egoístas.
No entanto, parecem frequentemente egoístas, apenas, porque os pais nunca lhes deram a oportunidade de fazerem as contas em família.
Ser jovem é ter sonhos, e com sorte, ter pais com pés assentes na terra o suficiente, para lhes dizer, que por vezes, o caminho para a realização dos sonhos tem alguns desvios.
Tenham uma óptima semana!
